26/10/25
A segurança pública se consolidou como o principal tema de preocupação dos brasileiros e deve dominar o debate eleitoral de 2026. Levantamento da Genial/Quaest, divulgado em março, mostrou que 70% dos entrevistados apontam a violência como o maior problema do país, enquanto 38% avaliam negativamente a atuação do governo federal na área.
Nesse cenário, Goiás tem se destacado por resultados consistentes e políticas estruturadas de enfrentamento à criminalidade. Em entrevista ao jornal Opção, a pesquisadora Fátima Souza, uma das principais especialistas do país sobre o Primeiro Comando da Capital (PCC), afirmou que “gostaria que o Brasil tivesse tomado decisões como as que Goiás tomou, para que hoje a população pudesse se sentir mais segura”.
Embora ressalte que o crime organizado mantém presença nacional, Fátima observa que “onde há patrulhamento e presença do Estado, o PCC recua”. Para ela, o problema exige ação permanente. “O governo passa, o PCC fica. Por isso, é preciso constância na atuação estatal”, explicou.
A posição da especialista reforça um diagnóstico já conhecido: não basta realizar grandes operações, como a Carbono Oculto, que revelou a movimentação de R$ 30 bilhões do PCC em operações financeiras na Faria Lima. É necessária continuidade na repressão e na inteligência.
O debate sobre segurança também expõe uma reconfiguração política. Tradicionalmente associada à direita, a pauta passou a ser disputada pelo governo federal, que busca retomar o protagonismo. Enquanto o campo bolsonarista concentra sua atuação em torno da anistia de Jair Bolsonaro, o Ministério da Justiça, sob comando de Ricardo Lewandowski, tenta ocupar espaço com propostas legislativas.
A PEC da Segurança Pública, enviada pelo ministério, foi criticada por governadores como Ronaldo Caiado (UB) e Helder Barbalho (MDB), que apontam risco de centralização e perda de autonomia estadual. Em resposta, Lewandowski apresentou o Projeto de Lei Antifacção, que agrava penas para líderes e integrantes de organizações criminosas e cria um banco de dados nacional para concentrar informações sobre facções.
O texto ainda será analisado pela Casa Civil antes de seguir ao Congresso, mas especialistas alertam que o avanço é tardio. Com o ciclo eleitoral próximo, a tramitação tende a ser lenta, e o tema pode voltar ao centro das campanhas.
Redução consistente em Goiás
De 2018 a 2025, Goiás registrou sete quedas consecutivas nas taxas de homicídios. De acordo com dados do Atlas da Violência e do Ministério da Justiça, o estado alcançou redução média de 55% nos principais indicadores criminais.
O secretário de Segurança Pública, Renato Brum, atribui o resultado à estratégia baseada em “inteligência, integração e investimento”. Em entrevista ao jornal Opção, ele afirmou que a melhora “depende da continuidade dessas três frentes, e não apenas de ações pontuais”.
O reconhecimento aparece nas pesquisas. Segundo o levantamento Genial/Quaest, publicado em agosto, 74% dos goianos avaliam como positiva a política de segurança do governo estadual.
O vice-governador Daniel Vilela (MDB), que assumirá o comando do estado em 2026, já anunciou a formulação de um novo plano de segurança pública. “Além de sermos referência, vamos lançar um projeto de inteligência artificial para o combate ao crime. Se os criminosos acham que a vida está difícil em Goiás, vai ficar ainda mais complicada”, afirmou.