27/10/25
Após uma sequência de derrotas eleitorais e perda acelerada de relevância política, o PSDB entra no próximo ciclo eleitoral em modo de resistência. O partido, que já comandou o país por oito anos e polarizou a política nacional por duas décadas, agora luta para não desaparecer. A prioridade estratégica é simples e direta: eleger deputados federais suficientes para garantir acesso ao fundo partidário e manter tempo de propaganda no rádio e na TV. Sob a presidência nacional de Marconi Perillo, a legenda atravessou sua fase mais crítica, com forte esvaziamento interno e fuga de lideranças. Diante da crise, a sigla prepara uma troca no comando: Aécio Neves deve reassumir o controle partidário na tentativa de reorganizar o que restou do projeto tucano, hoje pressionado por partidos que ocuparam seu antigo espaço político, como União Brasil, PSD e PL.
Desde a eleição de 2014, quando saiu derrotado por Dilma Rousseff no segundo turno e iniciou seu declínio nacional, o PSDB nunca mais reencontrou seu eixo político. Sem um discurso definido, perdeu identidade e relevância. Em 2023 encolheu a ponto de disputar a sobrevivência eleitoral. Atualmente conta com uma bancada modesta na Câmara dos Deputados e nenhuma liderança de expressão com projeção nacional. A federação com o Cidadania, criada em 2022 para superar a cláusula de barreira, vive crise permanente e corre risco de dissolução. Mesmo com movimentos de filiação recentes, analistas avaliam que o partido voltou a ser uma sigla de médio porte, com atuação restrita a poucos redutos.
Em Goiás, base histórica de Marconi Perillo, a situação é ainda mais emblemática. O PSDB perdeu estrutura, quadros regionais e espaço político. Sem competitividade real para disputar o governo estadual em 2026, o partido passou a concentrar esforços na formação de uma bancada federal robusta para não perder de vez a relevância política. A meta é eleger ao menos cinco deputados federais no estado, garantindo influência mínima no Congresso e recursos para reconstrução partidária. A dificuldade, porém, é crescente: a legenda perdeu terreno para o grupo político do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) e vê o MDB de Daniel Vilela ocupar as bases eleitorais que já foram predominantemente tucanas.
O desafio do PSDB vai além da disputa eleitoral: é de reconstrução de identidade e narrativa. Sem projeto nacional claro, órfão de lideranças consistentes e com histórico recente de derrotas, o partido tenta provar que ainda é capaz de recuperar espaço. Marconi Perillo acumula duas derrotas consecutivas para o Senado, em 2018 e 2022, mas tenta manter protagonismo dentro da legenda. Ainda assim, internamente prevalece a percepção de que a disputa de 2026, para os tucanos, não será pela vitória, mas pela sobrevivência.