18/12/25
A advogada Jéssika Paula dos Santos, de 36 anos, relatou que “viu a morte” após sofrer graves complicações decorrentes de um procedimento estético com aplicação de PMMA (polimetilmetacrilato) realizado pelo nutrólogo Rogério Cardoso, profissional que ganhou projeção nacional por atender pessoas ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O caso foi revelado pelo Jornal Opção e envolve uma sequência de internações, cirurgias de alto risco e sequelas permanentes.
Segundo o relato, o procedimento foi feito em outubro de 2023, com promessa de correção de flacidez, mas a advogada afirma que recebeu quantidades muito superiores às contratadas e em regiões não autorizadas do corpo. Após a aplicação, passou a apresentar febre, manchas roxas, dores intensas e reações inflamatórias severas, chegando a ser investigada por suspeitas de doenças graves.
O quadro se agravou em abril, quando Jéssika sofreu uma perfuração intestinal e precisou passar por cirurgia de emergência. Ela relatou ter assinado um termo de risco de morte e se despedido dos filhos antes do procedimento. Desde então, enfrentou internações frequentes em UTI, desenvolvimento de doença autoimune, diabetes e necessidade de tratamentos agressivos.
Em agosto, a advogada passou por uma cirurgia de 11 horas para retirada parcial do PMMA. Laudos médicos confirmaram necrose nos tecidos afetados, e os médicos estimam que ainda haja grande quantidade de material no corpo, o que pode exigir novas intervenções. Ao todo, Jéssika afirma ter passado por mais de 30 internações, com prejuízos profundos à saúde, à carreira e à vida financeira.
O médico nega relação entre o PMMA e as complicações, atribuindo o quadro a condições pré-existentes e classificando as acusações como tentativa de extorsão. A advogada, por sua vez, ingressou com ações judiciais, acionou o CRM e a Polícia Civil. O caso reacende o debate sobre os riscos do uso de PMMA em procedimentos estéticos e a fiscalização da prática médica.