27/11/24
A rede de saúde pública de Goiânia enfrenta uma crise sem precedentes, marcada por dívidas superiores a R$ 250 milhões, bloqueio de 20 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e mortes de pacientes devido à falta de atendimento. O caos, segundo o Ministério Público de Goiás (MP-GO), é reflexo de gestão ineficaz, falta de planejamento e problemas estruturais graves.
Os efeitos dessa crise são visíveis nas unidades básicas, que sofrem com a falta de insumos e profissionais, e nas UTIs, onde pelo menos quatro pacientes morreram aguardando vagas. “Os profissionais estão com pagamentos atrasados, e muitas unidades enfrentam a falta de insumos básicos, o que prejudica gravemente o funcionamento do sistema”, afirmou Sheila Soares Ferro, presidente do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego).
Na Câmara de Goiânia, vereadores debatem o redirecionamento de parte dos R$ 710 milhões aprovados para obras públicas em março, alocando esses recursos para a saúde. “Podemos remanejar esse recurso, porque o dinheiro já está disponível. Em vez de investir em cimento, precisamos investir em vidas”, defendeu o vereador Thialu Guiotti (Avante).
O vereador Anselmo Pereira (MDB) também reforçou a urgência da medida: “Se houver legalidade, acredito que esta Câmara estará pronta para aprovar o remanejamento, garantindo assistência fundamental para o município”.
Especialistas concordam que investir na atenção básica é crucial para evitar o colapso do sistema de saúde. Segundo Sheila Ferro, “se as unidades básicas estiverem bem estruturadas, podemos evitar que pacientes cheguem em condições graves às UTIs”.
As melhorias propostas incluem a contratação de mais médicos, aquisição de insumos e ampliação de equipes em unidades básicas. Além disso, o PSF será reorganizado para focar no atendimento preventivo e reduzir a sobrecarga nas emergências.
Apesar das medidas anunciadas, a crise exige reformas profundas na gestão e estrutura da saúde pública em Goiânia. A cidade, que já atinge a recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 1 a 3 leitos de UTI para cada 10 mil habitantes, enfrenta um paradoxo: os leitos existem, mas não podem ser utilizados devido ao bloqueio e à falta de recursos.
Sheila Ferro alertou para a gravidade da situação: “Estamos de portas abertas para colaborar e monitorar as ações. A saúde dos goianienses não pode mais esperar”.