05/12/24
A crise na Saúde de Goiânia se aprofunda com a saída de Cynara Mathias, que pediu demissão nesta quarta-feira (4), após apenas uma semana no comando da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A decisão ocorre em meio a uma auditoria conduzida pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-GO), que investiga supostas irregularidades nos pagamentos da pasta, incluindo possíveis desvios de recursos e favorecimento a contratados.
A auditoria, iniciada na última segunda-feira (2), busca apurar se a SMS tem respeitado a ordem cronológica de pagamentos aos fornecedores, conforme determina o Decreto nº 580, de fevereiro deste ano. As suspeitas foram levantadas pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), que já apontou a atuação de um esquema de desvio de recursos públicos envolvendo o ex-secretário Wilson Pollara e outros servidores de alto escalão, presos durante a Operação Comorbidade.
Além de Cynara, deixaram os cargos a secretária executiva Acácia Cristina Spirandelli e o diretor financeiro Bruno Costa. As mudanças reforçam o clima de instabilidade na pasta, que enfrenta denúncias de corrupção, escassez de insumos, medicamentos e leitos, agravando a situação da rede municipal.
O prefeito Rogério Cruz tentou, sem sucesso, convencer Cynara a permanecer no cargo. Em nota, a Prefeitura justificou a saída como motivada por "questões pessoais". No entanto, a decisão de Cynara, uma servidora pública com 25 anos de experiência, é vista por muitos como um reflexo das dificuldades enfrentadas por quem assume a gestão da Saúde no atual governo.
A auditoria do TCM-GO também investiga possíveis privilégios no pagamento de fornecedores da SMS, um dos focos da Operação Comorbidade. Segundo o MP-GO, Pollara e outros gestores desviaram recursos públicos para beneficiar terceiros por meio da Fundação de Apoio ao Hospital das Clínicas (Fundahc), responsável pela gestão das maternidades municipais.
Apesar de um decreto instituir a ordem cronológica de pagamentos, as suspeitas de que fornecedores específicos foram favorecidos continuam. "Temos um decreto que compromete o município de Goiânia a realizar todos os pagamentos por ordem cronológica", declarou Rogério Cruz, mas as investigações sugerem que a prática não foi seguida à risca.