07/12/24
A breve passagem de Cynara Mathias à frente da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia foi decisiva para o Ministério Público de Goiás (MP-GO) sustentar o pedido de intervenção estadual no setor. Segundo o procurador-geral de Justiça, Cyro Terra Peres, a ex-secretária alegou, em depoimento ao MP, que renunciou por não enxergar condições viáveis para fazer o sistema funcionar.
“Ela nos disse, com todas as palavras, que deixou o cargo porque não havia meios de colocar o sistema de saúde de Goiânia em operação de forma eficiente. Essa declaração é um reflexo claro do colapso administrativo que vivemos,” afirmou Cyro em entrevista coletiva nesta sexta-feira, 9.
Cynara Mathias ocupou o cargo por apenas uma semana, e sua renúncia ocorre em meio a um cenário de agravamento na crise da saúde pública da capital. O sistema enfrenta a falta de insumos essenciais, greves de profissionais e o descumprimento de ordens judiciais que determinavam a normalização dos serviços.
De acordo com Cyro Terra, a renúncia de Cynara reforça o argumento central do pedido de intervenção estadual, que será analisado na próxima segunda-feira (9) pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO).
“O colapso da gestão é evidente. Não se trata apenas de falhas pontuais, mas de um sistema completamente inviável. A intervenção estadual é, neste momento, a única solução possível para garantir o atendimento à população e resguardar o direito à saúde,” pontuou o procurador-geral.
Caso o TJ-GO aprove o pedido do MP-GO, o governador Ronaldo Caiado deverá nomear um interventor que assumirá a gestão plena da Saúde em Goiânia. O interventor terá poderes para administrar recursos financeiros e operacionais, além de reorganizar o sistema em busca de normalizar o atendimento.
Para Cyro, a medida não é apenas necessária, mas urgente: “Cada dia sem solução significa mais pessoas desassistidas, mais vidas em risco. Estamos lidando com uma crise de proporções gravíssimas, e o governo estadual precisa agir para evitar um colapso total.”
Crise
A renúncia de Cynara se soma a uma série de acontecimentos que colocam em xeque a capacidade administrativa do município. Operações recentes culminaram na prisão de integrantes da gestão de saúde, incluindo o ex-secretário Wilson Pollara, sob suspeita de desvios de recursos. Além disso, denúncias sobre a precariedade dos serviços têm se acumulado nos últimos meses, agravando o cenário.