05/04/25
Com uma plateia entusiasmada, repleta de lideranças políticas de todo o país e uma estrutura montada para simbolizar o início de uma jornada nacional, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), lançou nesta sexta-feira, 4, em Salvador, sua pré-candidatura à Presidência da República. O ato marca o primeiro passo público rumo à eleição de 2026, com o goiano se colocando como uma alternativa da direita moderada ao governo Lula.
Logo na entrada do Centro de Convenções, um letreiro em verde e amarelo estampava a frase: “Caiado, orgulho para a Bahia. Orgulho para o Brasil”. Lá dentro, milhares de apoiadores vindos de diversos estados acompanhavam o evento, enquanto outros assistiam por telões do lado de fora. Ao som do jingle “Vamos endireitar o Brasil”, com refrão sertanejo e versos como “Está na hora de ver / Caiado pra fazer / Caiado por você”, o clima era de empolgação e largada definitiva para o pleito do ano que vem.
Entre os apoiadores de peso, estavam o prefeito de Salvador, Bruno Reis, o vice-presidente do União Brasil, ACM Neto, o senador Sérgio Moro (UB-PR), e o presidente do Solidariedade, Paulinho da Força. Moro, um dos principais nomes da oposição ao presidente Lula, reforçou o tom crítico ao governo federal: “A violência crescente é reflexo do governo Lula, que não tem propostas para a segurança pública. Estou no Senado Federal há dois anos e não existe um projeto sequer para conter a criminalidade. Esse é um problema do Brasil inteiro”.
Caiado, por sua vez, inflamou o público ao falar sobre segurança, um dos temas que mais marcaram sua trajetória em Goiás. “Quando eu falo de segurança pública, não é porque é um segmento da responsabilidade do governador. Eu falo com o que eu sei, que no Estado Democrático de Direito, quando se tem segurança pública, se tem gestão plena”, afirmou. Relembrando os tempos difíceis em que assumiu o estado, completou: “Goiás era a Disneylândia dos bandidos. Roubava-se pra todo lado. Ninguém tinha paz. As facções tomavam conta […]. Mas eu disse na frente das minhas tropas, na posse do governador: Ou o bandido muda de profissão, ou muda de estado”.
O local escolhido para o lançamento não foi por acaso. A Bahia, governada atualmente por Jerônimo Rodrigues (PT), foi alvo de críticas dos aliados de Caiado devido ao alto índice de violência. O Atlas da Violência 2024 apontou sete cidades baianas entre as dez mais violentas do Brasil. O presidente da Assembleia Legislativa de Goiás, deputado Bruno Peixoto, foi direto: “O governo da Bahia se aliou à criminalidade”.
Peixoto destacou também a expressiva presença do Legislativo goiano no ato, com 30 dos 41 deputados estaduais comparecendo, além da bancada federal. Mais de 130 prefeitos de Goiás, articulados principalmente pelos prefeitos Zé Délio (Hidrolândia) e Paulo Vitor (Jaraguá), reforçaram o apoio ao projeto nacional do governador. “Hoje, Bahia virou Goiás, e Goiás virou Bahia”, brincou Moro.
O evento também teve espaço para reaproximações políticas. O senador Vanderlan Cardoso, que já teve divergências com Caiado, esteve presente, sinalizando que as diferenças ficaram para trás. O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, disse recentemente que está “aos pouquinhos” trazendo Cardoso para o grupo liderado por Caiado, que também conta com o vice-governador Daniel Vilela como possível nome à sucessão estadual em 2026.
Em seu discurso, Caiado reafirmou a necessidade de romper com a polarização política. “Ninguém aguenta mais esse embate ideológico sem fim. O Brasil precisa de serenidade, firmeza e rumo”, afirmou. Ele busca consolidar-se como representante de uma direita com propostas, sem radicalismos. Com Jair Bolsonaro inelegível, o governador enxerga um vácuo na liderança do campo conservador e se movimenta para ocupar esse espaço.
Além de Caiado, outros nomes como Tarcísio de Freitas (SP), Romeu Zema (MG), Ratinho Júnior (PR) e membros da família Bolsonaro, como Michelle e Eduardo, são cotados para disputar o Planalto em 2026. Mas o governador goiano aposta em seu histórico de gestão e no discurso de eficiência para se diferenciar.
O prefeito Bruno Reis, que também discursou no evento, deu o tom da estratégia da pré-campanha: “Vamos trabalhar para unificar toda a oposição e apresentar um projeto que seja uma alternativa ao que está aí”.
