Goiânia, 16/06/2025
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Bolsonaro apoia tarifas de Trump ao Brasil e cria mal-estar com agro

05/04/25

O ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a se alinhar publicamente ao ex-presidente americano Donald Trump e saiu em defesa do novo pacote tarifário anunciado pelos Estados Unidos. A manifestação foi publicada nesta terça-feira (2), nas redes sociais, e marca uma clara discordância com o movimento de reação liderado por parlamentares da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), que pede contramedidas do Brasil.

Na publicação, Bolsonaro argumenta que a resposta brasileira ao novo cenário comercial deveria ser a abertura de mercado e o fim do que classificou como pensamento anacrônico. “Trump protege seu país de um vírus socialista”, escreveu Bolsonaro. Para ele, uma guerra comercial “não é uma estratégia inteligente e que preserva os interesses do povo brasileiro”.

O ex-presidente ainda defendeu que o Brasil deveria reduzir tarifas para produtos americanos e buscar um acordo bilateral com os Estados Unidos, em vez de retaliar.

A fala de Bolsonaro destoou do posicionamento da FPA, tradicionalmente aliada de sua base. O presidente da frente, deputado Pedro Lupion (PP-PR), defendeu urgência na votação do projeto de lei 2088/2023, que permite ao governo adotar contramedidas contra barreiras comerciais unilaterais.

“Precisamos de uma lei. Os grandes players do comércio mundial têm instrumentos legais para proteger seus interesses. O Brasil, não”, afirmou Lupion na terça-feira (1º).

A proposta já foi aprovada por unanimidade no Senado e está pronta para ser votada na Câmara dos Deputados, caso o requerimento de urgência seja aprovado. O relator da matéria será o vice-presidente da FPA, deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP).

Dia da Libertação
O pacote anunciado por Trump, batizado de “Liberation Day”, rompe com os princípios da Organização Mundial do Comércio (OMC) ao adotar a tarifa espelho — ou seja, os EUA cobrarão dos países as mesmas tarifas que os seus produtos enfrentam para entrar nesses mercados.

A nova diretriz representa uma ameaça direta a setores como o siderúrgico brasileiro, já afetado por uma tarifa de 25% sobre aço e alumínio, imposta anteriormente também por Trump.

Enquanto isso, o governo brasileiro adota uma estratégia em duas frentes: no Congresso, atua para aprovar a proposta de reciprocidade tarifária; no Executivo, busca diálogo com os EUA por meio de uma força-tarefa liderada pelos ministérios das Relações Exteriores e de Comércio e Serviços. Se não houver consenso, o Brasil pode acionar a OMC para questionar as novas medidas americanas.


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