10/04/25
A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (9) uma operação que atinge diretamente o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), conhecido nacionalmente por seu discurso anticorrupção, seu perfil nas redes sociais e seu alinhamento com pautas da extrema direita. A ação mira um esquema de desvio de recursos da Saúde e lança dúvidas sobre a coerência do prefeito, que vem tentando se projetar como nome para o governo de São Paulo e até para a Presidência da República.
Manga teve sua casa e a sede da Prefeitura vasculhadas pela PF. A Secretaria da Saúde e o diretório municipal do Republicanos também foram alvos de buscas. A Polícia Federal estima que os bens e valores apreendidos possam chegar a R$ 20 milhões. Apesar da gravidade, nenhum mandado de prisão foi expedido.
A investigação, iniciada em 2022, apura supostas fraudes na contratação de uma organização social para gerir serviços de saúde na cidade. Segundo a PF, o esquema envolvia lavagem de dinheiro com uso de dinheiro vivo, boletos e transações imobiliárias. Os envolvidos podem ser responsabilizados por seis crimes: corrupção ativa, corrupção passiva, peculato, lavagem de dinheiro, contratação direta ilegal e frustração do caráter competitivo de licitação.
Rodrigo Manga, de 45 anos, é figura ativa nas redes sociais, onde se apresenta como o "prefeito tiktoker". Ele acumula mais de 5,9 milhões de seguidores no TikTok e Instagram, com vídeos de tom descontraído e populista. Reeleito em 2024 com 73,75% dos votos, Manga construiu sua imagem como defensor de pautas conservadoras e de enfrentamento ao sistema político tradicional. Seu discurso inclui críticas à alta carga tributária, novos pedágios e o que chama de “velha política”.
A operação desta terça-feira, no entanto, compromete esse discurso. Ainda em 2023, a gestão de Manga já havia sido alvo de outra ação da PF, que apurava irregularidades em contratos da Prefeitura com uma organização social responsável por uma UPA da cidade.
Em nota, o prefeito tentou minimizar os impactos, afirmando que a operação ocorre "em um momento de grande projeção" de seu nome no cenário nacional e sugeriu que estaria sendo alvo de "forças ocultas". “Não é a primeira vez na história que vemos representantes do povo serem atacados quando começam a incomodar o sistema”, afirmou.