Goiânia, 30/04/2025
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Dengue cresce nas terras de Tarcisio, Zema e Ratinho

13/04/25

Os estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná, governados respectivamente por Tarcísio de Freitas (Republicanos), Romeu Zema (Novo) e Ratinho Júnior (PSD), são hoje o epicentro da dengue no Brasil. Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde na última terça-feira, 8, os três juntos concentram 73% dos casos confirmados e 86% das mortes registradas pela doença em 2025.

Diante do avanço da epidemia, o governo federal anunciou o envio da Força Nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) para 80 municípios considerados críticos, que passam a receber ações emergenciais, como implantação de centros de hidratação, reforço na vacinação e apoio logístico. Desse total, 55 cidades estão localizadas em São Paulo, o estado que mais preocupa o Ministério da Saúde.

“Quase 70% dos casos de dengue no país hoje estão concentrados em São Paulo”, alertou o ministro Alexandre Padilha, que coordena a ofensiva nacional contra a doença. As ações emergenciais vão mobilizar até R$ 300 milhões e envolvem, entre outras estratégias, a instalação de até 150 centros de hidratação com capacidade para 100 leitos cada.

Padilha atribui a escalada da dengue, especialmente em São Paulo, à volta do sorotipo 3, ausente do Brasil há cerca de 15 anos, o que significa que a maior parte da população não tem imunidade contra ele. Outro fator apontado foi o impacto da troca de prefeitos após as eleições municipais de 2024, o que pode ter desorganizado o trabalho de vigilância em algumas cidades.

“Todo início de gestão municipal nos exige maior atenção para surtos de dengue. É possível que essa transição tenha afetado a resposta à doença em várias regiões”, afirmou o ministro.

As cidades selecionadas para receber reforço federal atendem a dois critérios: ter mais de 80 mil habitantes e apresentar incidência superior a 50 casos de dengue por 100 mil habitantes. Juntas, essas localidades somam 68 milhões de brasileiros — cerca de um terço da população nacional. Minas Gerais, embora com altos índices, ficou fora da lista porque suas cidades com maior incidência têm população inferior ao limite estipulado.

A ideia, explica Padilha, é atuar onde há risco de colapso do sistema de saúde: “A literatura técnica mostra que, em locais populosos, surtos de dengue têm impacto mais severo sobre a rede de atendimento”.

Outro pilar da estratégia é a intensificação da vacinação. Dos 80 municípios selecionados, 16 ainda não tinham sido contemplados com a campanha e passarão a integrar a lista de prioridades. O Ministério da Saúde anunciou busca ativa por pessoas não vacinadas ou que não completaram o esquema de duas doses. A faixa etária prioritária segue sendo de 10 a 14 anos, mas o uso de doses próximas ao vencimento foi ampliado.

A vacina utilizada é a Qdenga, da farmacêutica Takeda, e está disponível exclusivamente pelo SUS.

Mesmo com alguma melhora em relação à crise histórica registrada em 2024, os números de 2025 ainda geram preocupação. O país contabiliza, até agora, 536 mortes confirmadas por dengue e outras 727 em investigação. A taxa de letalidade entre os casos graves é de 3,8%.

No ano passado, o Brasil registrou 6.264 mortes pela doença — o pior cenário desde o início da série histórica — com letalidade de 5,91% em casos graves. A vigilância continua, e o governo pretende manter o alerta elevado pelo menos até o final do primeiro semestre.


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