13/04/25
Em visita a Goiânia neste sábado, 12, o ex-prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva, pré-candidato à presidência nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), defendeu a necessidade de um "novo PT", mais conectado com os desafios contemporâneos e preparado para enfrentar o cenário político de um Brasil “pós-Lula”. Em discurso a lideranças e apoiadores na Câmara Municipal, Edinho afirmou: “A pergunta que nós temos que fazer para nós mesmos é: qual o PT que existirá no pós-Lula?”
Favorito do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir o comando nacional da legenda, Edinho mesclou autocrítica, cobrança organizacional e exaltação ao papel histórico do partido. Sem focar especificamente nas questões locais de Goiás, buscou nacionalizar o discurso, traçando paralelos entre o avanço da extrema direita no Brasil e a ascensão internacional de figuras como Donald Trump. “O fascismo está presente na vida do povo brasileiro, disputa a ideologia e o imaginário do povo, e se organiza em partidos políticos que elegem vereadores, prefeitos, governadores e disputam a Presidência”, alertou.
Segundo ele, o PT é peça central na resistência a esse avanço, ainda que não possa agir sozinho. “O PT sozinho não será capaz de derrotar o fascismo no Brasil, mas o fascismo não será derrotado sem o PT”, pontuou, ao defender uma frente ampla democrática.
Em sua fala, que durou cerca de 50 minutos, Edinho criticou a substituição da dinâmica partidária tradicional por interações virtuais. Para ele, as reuniões presenciais são insubstituíveis. “As plataformas não podem ser um instrumento que impeça que o PT faça reunião presencial. Só a reunião presencial fomenta o contraditório, cria as condições para que a gente construa o consenso”, disse, ao comentar a inatividade de diretórios locais em várias cidades do país.
O ex-prefeito também foi enfático ao defender que os mandatos parlamentares não devem substituir as estruturas do partido. “Não podemos permitir que os mandatos substituam as instâncias do partido”, afirmou, destacando a importância da organização partidária em todos os níveis.
Edinho alertou ainda para a dificuldade que o PT enfrenta em dialogar com a nova classe trabalhadora, marcada pela informalidade e pelo vínculo com plataformas digitais. “Nós perdemos o debate. As plataformas ganharam. A direita ganhou o debate. O moto-entregador acha que é empreendedor, porque nós perdemos o debate ideológico”, lamentou.
Com discurso voltado à reorganização do partido, Edinho Silva reforçou a importância de retomar o trabalho de base, sobretudo nas periferias e entre os jovens. Ele observou que mapas eleitorais recentes mostram o encolhimento da presença petista nesses segmentos. “Nós precisamos voltar a ter presença nas periferias”, declarou, mencionando o papel crescente das igrejas evangélicas nas comunidades mais vulneráveis.
Sobre o tema, defendeu uma aproximação propositiva com lideranças evangélicas. “Também nós sonhamos o mesmo sonho do cristianismo”, afirmou, ao propor um diálogo mais profundo com esse setor.
Outra bandeira de sua campanha é a retomada do orçamento participativo, uma marca histórica dos governos petistas. Edinho classificou o instrumento como essencial para enfrentar a crise da democracia representativa e fortalecer o vínculo entre sociedade e gestão pública. Também valorizou os conselhos de políticas públicas como espaços de construção coletiva.
Edinho Silva aparece como o principal nome para suceder Gleisi Hoffmann, que deixou a presidência do partido para assumir a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República. Seus concorrentes incluem o prefeito de Maricá (RJ), Washington Quaquá, e o deputado federal Rui Falcão (SP). As eleições internas do PT ocorrem em 6 de julho de 2025, e o prazo para inscrição de chapas vai até 19 de maio.
Durante o encontro, Edinho evitou críticas diretas a outros pré-candidatos, mas reforçou sua ligação com Lula. “Se o PT estiver forte, enraizado na sociedade brasileira, o nome [para suceder Lula] nós teremos força para construir”, relatou, citando conversa recente com o presidente.
Em Goiás, a deputada federal Adriana Accorsi é apontada como favorita para assumir o comando estadual da legenda, hoje presidida pela vereadora Kátia Maria. Além de Adriana, estavam presentes no evento nomes históricos do PT goiano, como o ex-prefeito Pedro Wilson, o ex-tesoureiro nacional Delúbio Soares, e o secretário-executivo de Relações Institucionais da Presidência da República, Olavo Noleto, além dos deputados Antônio Gomide, Mauro Rubem e Bia de Lima.