Goiânia, 30/04/2025
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Governo Lula ameaça retaliar deputados goianos que apoiam anistia

17/04/25

Deputados federais de Goiás estão na mira do Palácio do Planalto após apoiarem o projeto de lei que prevê anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. Ao todo, 10 dos 17 parlamentares goianos assinaram o pedido de urgência para tramitação do PL na Câmara, o que provocou reação direta do governo Lula, que agora ameaça retaliar os signatários com a retirada de cargos e indicações políticas em órgãos federais. 

Entre os que apoiaram a urgência está o deputado José Nelto (União Brasil), vice-líder do governo na Câmara. Mesmo integrando a base aliada, Nelto se alinhou à proposta, assim como Zacharias Calil, Silvye Alves e outros nomes de partidos que compõem, ao menos formalmente, o bloco de apoio ao governo, como Republicanos, MDB e PP.

A decisão do grupo goiano causou desconforto no Planalto, que avalia punir os deputados com cortes na estrutura federal, em especial cargos de segundo e terceiro escalão. A estratégia visa conter a articulação em torno da proposta de anistia e reafirmar o controle político sobre a base.

O deputado Ismael Alexandrino (PSD) confirmou que a assinatura do requerimento ocorreu após liberação da cúpula do partido. “Mais de 50% da bancada assinou após conversa com Gilberto Kassab. Eu não tenho cargo no governo, então posso votar com liberdade”, afirmou. Ele diz que seu apoio é por razões humanitárias, mas não exime os vândalos de responsabilidade. “Quem depredou tem que pagar, mas 17 anos de pena para alguns é desproporcional.”

Nos bastidores, a movimentação do Planalto para pressionar deputados inclui ameaças de substituição de indicados nos órgãos federais em Goiás. Parlamentares relatam que interlocutores do governo passaram a fazer ligações exigindo a retirada de assinaturas sob risco de perda de espaços na administração.

Já a deputada Adriana Accorsi (PT) criticou duramente os colegas que assinaram a urgência. “Estão passando pano para golpistas. Não é só um projeto de perdão, é um ataque à democracia e às instituições. E ainda tentam anular decisões do TSE, inclusive a inelegibilidade de Bolsonaro”, afirmou.

A proposta deve ser discutida na próxima reunião de líderes da Câmara. O governo tenta evitar que a pauta avance, mas, caso vá à votação nominal, aliados estimam que o projeto deve ter apoio da maioria. Nos bastidores, avalia-se a possibilidade de votação secreta para enfraquecer a articulação da base dissidente.


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