19/04/25
Apesar da resistência crescente dentro do próprio partido, o senador Wilder Morais (PL) mantém firme a decisão de disputar o governo de Goiás em 2026, eleição que acontece daqui a um ano e sete meses. A aliados e empresários, o parlamentar tem reforçado que, mesmo com chances remotas de vitória, entrará na disputa. “Não tenho nada a perder”, teria afirmado a um empresário de Goiânia, referindo-se ao fato de ainda ter quatro anos de mandato no Senado, mesmo em caso de derrota.
O cenário, porém, não é animador. O projeto de Wilder enfrenta um problema que pode inviabilizar sua candidatura: a falta de apoio de prefeitos, inclusive de sua própria legenda. Atualmente, apenas dois prefeitos filiados ao PL demonstram disposição para apoiá-lo: Geneilton Assis (Jataí) e Maycllyn Carreiro (Morrinhos) — que estaria se reaproximando do governador Ronaldo Caiado.
Outros nomes do PL já indicam preferência clara pelo grupo político de Caiado. É o caso de Carlinhos do Mangão (Novo Gama), que declarou apoio ao vice-governador Daniel Vilela (MDB) e pode inclusive figurar como vice na chapa governista. O prefeito de São Miguel do Araguaia, Jerônymo Siqueira, também se aproxima cada vez mais do MDB. Já o prefeito de Anápolis, Márcio Corrêa, é tido como amigo pessoal de Daniel Vilela e dificilmente subirá no palanque de Wilder.
Outro sinal de fragilidade vem de dentro da capital: o vereador Major Vitor Hugo, uma das principais lideranças do PL em Goiânia, não demonstra entusiasmo com a candidatura de Wilder. Segundo interlocutores, Vitor Hugo trabalha para que o partido componha a chapa de Daniel Vilela, indicando um nome ao Senado ao lado da primeira-dama Gracinha Caiado (União Brasil).
Dono de uma construtora e de shoppings, Wilder Morais nunca foi um político de perfil radical. Mas sua aproximação estratégica com o bolsonarismo mais ideológico pode estar cobrando um preço. O radicalismo “de ocasião”, adotado para conquistar a base mais aguerrida da direita, tem gerado isolamento político e pode levar o senador ao ostracismo, minando sua força para uma eventual tentativa de reeleição em 2030.