20/04/25
A sucessão estadual em Goiás começa a ganhar contornos mais claros com a movimentação do ex-presidente Jair Bolsonaro nos bastidores do PL. Em conversas reservadas com aliados, Bolsonaro tem sinalizado que o partido deverá compor uma chapa com o atual vice-governador, Daniel Vilela (MDB), pré-candidato ao governo em 2026, e com Gracinha Caiado (União Brasil), cotada para o Senado. O objetivo: garantir uma vaga de senador para o PL no próximo pleito.
Apesar de Valdemar Costa Neto ser o presidente nacional do partido, é Bolsonaro quem dá as cartas nas decisões estratégicas. Como figura central do bolsonarismo e principal cabo eleitoral da legenda, o ex-presidente tem a palavra final sobre as candidaturas majoritárias — inclusive em Goiás, onde o senador Wilder Morais, mesmo presidindo o partido no estado, segue as diretrizes de Brasília.
O recado de Bolsonaro foi claro: “o PL de Goiás deve enviar para Brasília, em 2026, ao menos um senador.” Entre os cotados, dois nomes despontam com força: o ex-deputado federal Major Vitor Hugo e o atual deputado Gustavo Gayer. Ambos têm ligação direta com o ex-presidente e disputam a preferência de Bolsonaro.
“Tenho apreço infinito por Vitor Hugo, por sinal amigo do peito de Bolsonaro. Mas o que tenho ouvido, nas conversas com Bolsonaro e aliados, é o seguinte: é muito provável que o PL feche uma aliança com Daniel Vilela para 2026, porém o candidato a senador não está definido. Tanto pode ser o vereador Vitor Hugo quanto o deputado federal Gustavo Gayer”, relatou um interlocutor próximo de Bolsonaro ao Jornal Opção.
Segundo ele, apesar da relação afetiva com Vitor Hugo, Bolsonaro tem valorizado a atuação intensa de Gayer em sua defesa, tanto na Câmara dos Deputados quanto nas redes sociais. “Se não for cassado, Gustavo pode ser o candidato a senador”, disse. Ainda assim, o aliado pondera: “Discordo daqueles que dizem que Vitor Hugo não é tão popular. A força dele, numa disputa majoritária, vai derivar mais do apoio de Bolsonaro. Portanto, ele é tão forte quanto Gustavo.”
Outro ponto relevante é que Bolsonaro não tem intenção de lançar um candidato próprio ao governo de Goiás. Diferente de partidos como o PT, que muitas vezes colocam nomes apenas para marcar posição, o ex-presidente tem dito que o PL deve se manter pragmático e estratégico no estado. Por isso, não pretende fazer movimento para impedir prefeitos liberais de apoiarem Daniel Vilela, desde que permaneçam na legenda.
Bolsonaro também vem estreitando laços com Ronaldo Caiado, governador de Goiás, numa aproximação que pode ter reflexos não só no estado, mas também no cenário nacional. Segundo aliados, o ex-presidente enxerga em Caiado um possível nome para disputar a Presidência da República, caso Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, desista de concorrer em 2026.
“Observe que a reticência de Tarcísio de Freitas levou Bolsonaro a se aproximar de Ratinho Junior e Ronaldo Caiado. Portanto, o candidato a presidente do bolsonarismo tanto pode ser Eduardo Bolsonaro, do PL, quanto Ronaldo Caiado ou Ratinho Júnior”, disse um bolsonarista com trânsito em Brasília. “Numa conversa, que ouvi, Bolsonaro disse que Caiado dará um bom candidato a presidente e, também, um bom ministro da Justiça.”
