22/04/25
O Supremo Tribunal Federal (STF) julga nesta terça-feira (23) a denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Silvinei Vasques, acusado de comandar uma operação para dificultar o acesso de eleitores a zonas de votação em regiões favoráveis ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante o segundo turno das eleições de 2022.
Segundo a PGR, Vasques liderou, ao lado dos delegados Marília Ferreira de Alencar e Fernando de Sousa Oliveira, um esquema para empregar forças policiais com o objetivo de favorecer a permanência de Jair Bolsonaro no poder. Os três foram denunciados por abuso de poder e tentativa de interferência no pleito.
Documentos e testemunhos revelados pela equipe da coluna mostram que as reuniões em que Silvinei ordenou as ações foram conduzidas sob rígido sigilo. A primeira delas, em 19 de outubro de 2022, ocorreu na sede da PRF em Brasília, nove dias antes do segundo turno. Convocada às pressas, a reunião foi realizada de forma presencial, com a apreensão de celulares dos participantes e sem o registro da pauta oficial sobre as operações.
A ata do encontro, obtida via Lei de Acesso à Informação (LAI), omite qualquer menção às ações planejadas para o dia da eleição. O documento registra apenas temas administrativos, como treinamento físico e escalas de serviço, apesar da presença de 44 dos 49 membros do Conselho Superior da PRF, incluindo superintendentes estaduais.
De acordo com a acusação do procurador-geral da República, Paulo Gonet, as medidas adotadas visaram apagar rastros do envolvimento direto de Silvinei nas ordens de bloqueio, que afetaram principalmente o Norte e o Nordeste, onde Lula tinha maior vantagem nas urnas.