23/04/25
O jornal O Hoje trouxe à tona, nesta semana, o crescente esvaziamento da liderança política do senador Wilder Morais (PL) no cenário estadual. O movimento se intensificou após o PL goiano desistir de recorrer contra decisões judiciais que beneficiaram dois nomes centrais do União Brasil: o governador Ronaldo Caiado, que teve a inelegibilidade derrubada, e o prefeito de Goiânia, Sandro Mabel, cuja cassação foi revertida.
Apesar de o ex-candidato a prefeito Fred Rodrigues (PL) minimizar o gesto, afirmando que ele não compromete os planos da sigla para 2026, nos bastidores cresce a percepção de que o senador Wilder Morais, presidente estadual do PL e pré-candidato ao governo, está se aproximando cada vez mais dos governistas. Essa movimentação favorece diretamente o vice-governador Daniel Vilela (MDB), também pré-candidato à sucessão estadual.
A prefeita de Formosa, Simone Ribeiro, que deixou o PL rumo ao União Brasil, revelou que já antecipava a possível aliança entre Caiado, Daniel e Wilder. “São pessoas próximas, e o município não pode pagar por isso”, afirmou, mencionando a necessidade de manter canais abertos com o governo estadual para garantir recursos a Formosa, uma das cidades mais endividadas de Goiás.
Nos bastidores, a desistência do recurso judicial teria sido negociada diretamente entre Wilder, Fred e Caiado, com dois objetivos principais: interromper as filiações de prefeitos ao União Brasil e selar o apoio do governador ao projeto de anistia aos condenados dos atos de 8 de janeiro, que pode beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Para analistas consultados por O Hoje, essa reaproximação entre Wilder e o grupo de Caiado atende também a interesses nacionais. Com mandato de senador até 2030, Wilder pode ser pressionado a abrir mão da disputa ao governo estadual para garantir sua permanência no Senado, onde Jair Bolsonaro planeja concentrar forças em 2026. A manutenção de Wilder no cargo seria estratégica tanto para Bolsonaro quanto para Caiado, que busca consolidar sua pré-candidatura à Presidência.
O cientista político Marcos Marinho avalia que o cenário mais provável é uma aliança ampla entre PL e União Brasil, com Daniel Vilela na cabeça de chapa ao governo estadual, Gracinha Caiado e Major Vitor Hugo disputando o Senado, e apoio cruzado de Caiado e Bolsonaro. Nesse arranjo, Wilder Morais teria espaço garantido nas articulações de 2030, mas veria seu protagonismo local reduzido já no próximo pleito.
