02/05/25
Nos últimos dez dias, o presidente da Câmara Municipal de Goiânia, Romário Policarpo (PRD), determinou a retirada de pelo menos dois projetos de lei do Executivo das comissões onde tramitavam e os transferiu diretamente para seu gabinete, suspendendo temporariamente o andamento das matérias. As propostas tratam de temas sensíveis ligados à Saneago: uma prevê o aumento da taxa de regulação paga pela estatal e a outra autoriza a cessão de três áreas públicas municipais à empresa.
Embora aliados do parlamentar aleguem motivos técnicos para a decisão, fontes ouvidas pela reportagem indicam que a medida foi, na verdade, uma retaliação política ao prefeito Sandro Mabel (UB). A avaliação nos bastidores é de que Policarpo tenta pressionar o Paço diante do que considera um desequilíbrio na relação entre os poderes. “A Câmara tem oferecido muito e recebido pouco”, afirmou uma pessoa próxima ao presidente da Casa.
Entre os pontos de atrito, vereadores apontam a morosidade da Prefeitura na liberação de emendas impositivas para 2025. Outro fator que teria contribuído para o desgaste foi a exoneração recente de comissionados ligados a Policarpo, sob a justificativa de desempenho insatisfatório, segundo apuração da reportagem.
Informações de bastidores também dão conta de que o presidente da Câmara teria solicitado o envio de outros projetos do Executivo ao seu gabinete, como a proposta que altera as regras para eleição de diretores escolares. No entanto, o sistema da Casa Legislativa aponta que a matéria continua sob análise da Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ), com relatoria da vereadora Kátia Maria (PT), da oposição. A parlamentar afirmou não ter sido comunicada sobre qualquer alteração no trâmite e confirmou que está trabalhando no relatório. O texto chegou à Câmara em 26 de março.
O líder do prefeito na Câmara, vereador Igor Franco (MDB), revelou que discutiu o assunto com Mabel na última terça-feira (29), mas afirmou que o Executivo ainda não compreende os reais motivos da atitude de Policarpo, classificada como inesperada. Já a secretária de Governo, Sabrina Garcez, adotou tom conciliador, dizendo que o Paço encara o impasse com serenidade e não descarta razões técnicas para a decisão. A reportagem procurou o presidente da Câmara, mas não obteve retorno até o fechamento desta edição.