Goiânia, 26/08/2025
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Gabriel Galípolo recebe o goiano Joesley Batista

03/05/25

Em pleno feriado do Dia do Trabalho, na última quinta-feira, 1º, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, se reuniu em Brasília com o empresário goiano Joesley Batista, sócio da J&F Investimentos. O encontro, realizado das 15h às 16h, também contou com os diretores da autarquia Ailton Aquino (Fiscalização) e Gilney Vivan (Regulação), e teve como pauta central a possível aquisição de ativos do Banco Master por parte do grupo dos irmãos Batista.

Segundo revelou o jornal Valor Econômico, a J&F estuda apresentar uma proposta de compra do Credcesta — produto de crédito consignado com forte atuação no funcionalismo baiano — e de uma carteira de precatórios do Banco Master, atualmente estimada em cerca de R$ 8 bilhões. A transação pode ser conduzida por meio de duas das instituições financeiras controladas pela holding: o PicPay ou o Banco Original.

Fontes próximas à negociação afirmam que a proposta incluiria ainda a aquisição de bens pessoais do empresário Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master, com o objetivo de cobrir parte dos passivos da instituição que não estão garantidos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Esses passivos incluem, por exemplo, carteiras de títulos adquiridas por fundos de pensão de entes públicos.

O Credcesta, que ganhou capilaridade nacional após ser adquirido pelo Master durante a gestão de Rui Costa no governo da Bahia, tornou-se peça estratégica para a J&F, que pretende ampliar a presença do PicPay no segmento de crédito consignado. A movimentação, no entanto, enfrenta concorrência do Banco de Brasília (BRB), que também demonstrou interesse no ativo.

Outro componente central das negociações é a carteira de precatórios do Banco Master, considerada valiosa em função da expectativa de pagamentos por parte do Tesouro Nacional a partir de julho. A quitação das dívidas judiciais será definida pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e outras cortes.

Além da J&F, o BTG Pactual — comandado por André Esteves — acompanha de perto os desdobramentos e avalia duas frentes: comprar diretamente os ativos ilíquidos do Master ou estruturar um fundo dedicado à administração desses papéis. Há ainda a hipótese de que o FGC conceda empréstimo ao fundo, criando liquidez para honrar gradualmente os CDBs emitidos pelo banco, medida que evitaria uma intervenção mais severa no sistema financeiro.

Grandes bancos privados como Itaú e Bradesco, embora participem das discussões, têm demonstrado cautela e resistem a qualquer modelo que implique altos custos para o FGC.

Apesar das movimentações, permanece incerto o futuro da parte do Banco Master que não será adquirida pelo BRB.

O Banco Central assegurou que a reunião entre Galípolo e Joesley respeitou o período de silêncio do Comitê de Política Monetária (Copom), cuja próxima reunião está marcada para os dias 6 e 7 de maio. Indagado diretamente sobre o conteúdo do encontro, o diretor Ailton Aquino limitou-se a dizer: “foi boa”.


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