05/05/25
O PSDB enfrenta sua fase mais frágil desde a fundação, buscando se manter relevante por meio de uma fusão — ou, na prática, uma incorporação — ao Podemos. Embora tente vender a ideia de uma união entre iguais, os números mostram outra realidade: o Podemos tem maior representatividade no Congresso, enquanto os tucanos já convocaram convenção interna para alterar seu estatuto, o que indica aceitação tácita da incorporação. A análise é do jornalista Ton Paulo, em artigo publicado no Jornal Opção.
A resistência dos tucanos em admitir a incorporação parece estar mais ligada ao simbolismo da extinção do partido do que à leitura pragmática do cenário atual. Mesmo enfraquecido, o PSDB propôs ter maior controle sobre a nova sigla, o que gerou desconforto e expôs a distância entre a imagem que o partido ainda tenta preservar e sua real força política.
Outro ponto crucial é o risco de o PSDB não atingir a cláusula de barreira nas eleições de 2026. Com 13 deputados federais em apenas oito estados, a legenda está no limite mínimo exigido por lei. Caso não amplie sua base geográfica, pode perder acesso ao fundo partidário e ao tempo de TV — dois elementos centrais para qualquer estratégia eleitoral de sobrevivência.
Durante décadas, o PSDB foi protagonista da política nacional, ocupando posições de destaque no Executivo e no Congresso, com forte presença em estados como São Paulo. Hoje, essa trajetória cede lugar à luta pela sobrevivência, com a legenda buscando apoio em alianças com partidos mais estruturados.
A continuidade do PSDB depende menos de acordos pontuais e mais da disposição em se reinventar com humildade. A insistência em exigências descoladas da realidade pode não apenas inviabilizar a fusão, mas selar o fim definitivo de uma das siglas que já foi uma das mais influentes do país.