07/05/25
Antes mesmo de o esquema bilionário de fraudes contra aposentados e pensionistas do INSS ser desvendado pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU), a Associação dos Aposentados e Pensionistas de Goiânia (Aapego) já havia identificado indícios de irregularidades. De acordo com a entidade, ao menos 100 pessoas relataram, nos últimos anos, descontos indevidos em seus benefícios, supostamente vinculados à associação.
Pedro Floriano, representante da Aapego, relatou que a entidade era constantemente acusada, de forma equivocada, por esses débitos. “O INSS, de forma leviana, dizia que éramos nós, sem nem ao menos nos consultar”, afirmou. Segundo ele, o processo de filiação à Aapego exige reconhecimento facial, assinatura física e comparecimento presencial, justamente para evitar fraudes. No entanto, os extratos dos beneficiários mostravam descontos vinculados a entidades de outros estados, como São Paulo e Rio de Janeiro, que agora se sabe que eram associações fantasmas.
As investigações revelaram que criminosos inseriam descontos associativos diretamente nas folhas de pagamento do INSS sem autorização dos segurados. Um dos casos mais extremos identificou um desconto em nome de uma entidade localizada a quase mil quilômetros de distância da residência do beneficiário. Muitos afetados são analfabetos ou portadores de doenças graves — o que inviabilizaria uma adesão legítima. A estimativa é de que o prejuízo total chegue a R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
Segundo Pedro, a Aapego tem orientado as vítimas a procurarem o Procon ou entrarem com ações judiciais. Ele também lamentou o impacto do esquema sobre instituições idôneas. “Infelizmente, associações corretas foram prejudicadas por essas falcatruas. Hoje, os descontos em folha estão suspensos por causa desses bandidos. Nosso sistema sempre foi limpo e honesto”, afirmou.