Goiânia, 14/05/2025
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PDT rompe com base de Lula na Câmara e discute candidatura própria para 2026

07/05/25

A bancada do PDT na Câmara dos Deputados decidiu se afastar da base do governo Lula (PT) e assumir uma postura de independência, após a saída do ministro Carlos Lupi da Previdência. A decisão foi tomada em reunião com Lupi nesta terça-feira (6), dias após sua demissão, motivada pela crise gerada com o escândalo de fraudes no INSS. O partido se incomodou com a substituição feita por Lula sem consulta à legenda — Wolney Queiroz, que era número dois da pasta, foi nomeado em seu lugar.

O líder do PDT na Câmara, deputado Mário Heringer (MG), afirmou que a sigla agora busca se reposicionar politicamente com foco em 2026. “Na eleição anterior oferecemos uma alternativa e achamos que podemos fazer isso de novo”, disse, em referência à candidatura de Ciro Gomes em 2022, quando o pedetista terminou em quarto lugar com 3% dos votos válidos. Apesar disso, o partido apoiou Lula no segundo turno daquele pleito.

Nos bastidores, o desligamento de Lupi, que não é alvo das investigações da Polícia Federal, gerou desconforto. O ex-ministro chegou a divergir publicamente de Lula ao defender a permanência do ex-presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, que foi alvo da operação. Em tom de despedida, Lupi pediu aos deputados que evitassem estimular abertamente uma nova candidatura de Ciro, mas comparou o ex-presidenciável a uma fagulha que “pode incendiar” e reacender o protagonismo do partido.

Ciro Gomes, por sua vez, participou nesta terça de um evento na Assembleia Legislativa do Ceará, onde defendeu a união das oposições ao PT, inclusive com a direita. Em entrevista, criticou a demissão de Lupi e defendeu o desembarque do PDT do governo. Apesar disso, a bancada afirmou que não fará oposição sistemática, mas atuará com liberdade para votar de acordo com seus princípios, especialmente em pautas da centro-esquerda.

A nova postura do PDT segue o modelo de outros partidos com cargos no governo, mas que se declaram independentes, como PP, União Brasil e Republicanos. Essas legendas costumam apoiar projetos do Executivo na área econômica, mas também contribuem com iniciativas da oposição. Segundo Heringer, o PDT agora votará “caso a caso” e divergências internas serão respeitadas. “Daqui para frente, será mais fácil liberar a bancada para votar como quiser”, afirmou.


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