08/05/25
A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR), recusou uma audiência de conciliação com o deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), proposta pela Procuradoria-Geral da República (PGR). A ministra entrou com uma notícia-crime contra o parlamentar por violência política de gênero e pede sua condenação, além de uma indenização de R$ 30 mil por danos morais. A defesa de Gleisi considerou “inaceitáveis” as declarações feitas por Gayer e apontou que as ofensas foram de natureza machista, com a clara intenção de humilhá-la publicamente.
A recusa foi justificada pela defesa com base na gravidade das ofensas. Os advogados alegam que insistir na realização da audiência imporia à vítima um “ônus desnecessário” e aumentaria o risco de revitimização. “A tentativa de conciliação é remota, senão inexistente”, afirmaram. Eles também argumentam que, em casos de crimes contra a honra envolvendo gênero e poder, como o presente, a imposição de um encontro entre vítima e agressor representa uma afronta à dignidade da mulher.
As declarações de Gayer ocorreram nas redes sociais, após o presidente Lula se referir a Gleisi como uma “mulher bonita” escolhida para melhorar a articulação com o Congresso. Em resposta, o deputado insinuou que a ministra estaria em um “trisal” com o senador Davi Alcolumbre (União-AP) e o deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), companheiro de Gleisi. Na publicação, apagada posteriormente, Gayer questionou se Lindbergh aceitaria que Lula “oferecesse” Gleisi, comparando a ministra a uma garota de programa. A publicação foi classificada pela defesa como “criminosa”.
A PGR havia sugerido a audiência com base no artigo 520 do Código de Processo Penal, que prevê tentativa de reconciliação em casos de crimes contra a honra. No entanto, os representantes legais da ministra rejeitaram a proposta, afirmando que, diante do teor ofensivo das falas, a conciliação seria inadequada e ofensiva à condição de mulher e parlamentar de Gleisi. “Atitudes como essa são inaceitáveis e precisam ser reprimidas em um Brasil que luta para superar o cenário de violência contra as mulheres”, concluiu a defesa.