Goiânia, 26/08/2025
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Plataformas de transporte viram alvo do tráfico de drogas e contas falsas em Goiás

11/05/25

O uso de plataformas de transporte por aplicativo, como Uber, 99 e inDrive, virou alvo de criminosos em Goiás, onde traficantes têm recorrido a contas falsas e motoristas contratados para fazer entrega de drogas. A prática, conhecida como disque-drogas ou tráfico por delivery, já é monitorada pelas polícias Civil e Militar desde 2022, e envolve até o aluguel de perfis por meio de redes sociais.

A operação mais recente aconteceu em abril, com a prisão de Higor Rodrigues Vieira, de 31 anos, que, mesmo morando em Maceió (AL), comandava à distância uma central de distribuição de drogas em Goiânia. O sistema funcionava como um serviço de entrega: os pedidos eram feitos por aplicativo de mensagens, e motoboys ou motoristas — cientes ou não — faziam as entregas.

“É o que mais está ocorrendo em Goiânia. Os motoristas são cientes, a organização aluga veículos para eles entregarem drogas”, afirma o delegado Humberto Teófilo. Segundo ele, os entorpecentes mais apreendidos são cocaína e haxixe, normalmente comercializados em bairros nobres, mas também presentes em regiões periféricas.

A situação se agrava com a comercialização de contas falsas nas redes sociais, prática que facilita tanto o tráfico quanto o retorno de motoristas banidos das plataformas. O Jornal Opção teve acesso a grupos de Facebook, Telegram e WhatsApp onde criminosos negociam perfis com documentos falsos por valores entre R$ 150 e R$ 900. Também há “pacotes” com carros fora dos padrões das plataformas e até período de “degustação” para testar a conta.

“Tenho umas on-line aqui que estão mais de ano logadas. É tudo em nome de terceiros, só colocar seu veículo e foto e rodar. Se quiser, te dou uma conta para usar e depois você me paga”, disse um criminoso de Goiânia identificado como Bambino.

Outros golpistas, como o autointitulado Tio Patinhas, oferecem “garantia” contra bloqueios, afirmando: “Eu tenho 270 pessoas no meu grupo e nunca deu B.O.”. Em vídeos, supostos clientes de várias regiões do país elogiam o serviço e relatam uso prolongado das contas falsas sem problemas.

Rodrigo Vaz, vice-presidente da Associação dos Motoristas por Aplicativo de Goiás (Amago), denuncia o impacto dessa atuação criminosa na reputação da categoria: “Essas pessoas não são motoristas de aplicativo, são bandidos. Isso acaba tornando todo mundo suspeito”.

O motorista Daniel Augusto relata abordagens durante a noite na região do Aeroporto de Goiânia. “Muita gente perguntava se eu tinha ‘beck’. Diziam que quase todo motorista tinha naquela hora. São muitas contas alugadas para fazer esses rolos”, relata.

As empresas Uber, 99, inDrive, Meta e Telegram ainda não se pronunciaram sobre o caso.


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