22/05/25
As fissuras internas do PL em Goiás, comandado pelo senador Wilder Morais, ganharam novos contornos nas últimas semanas e se tornaram um dos principais entraves para a construção de uma candidatura competitiva ao governo do Estado em 2026. A legenda vive um cenário de disputas, desconfianças e ameaças de expulsão entre seus principais quadros, o que enfraquece o discurso de unidade e compromete o projeto de Wilder de liderar a sigla rumo ao Palácio das Esmeraldas.
A crise chegou ao ponto de exigir a intervenção do ex-presidente Jair Bolsonaro, que enviou mensagens diretas ao vereador Major Vitor Hugo pedindo que cessassem os ataques e declarações públicas sobre as eleições. Vitor, que se movimenta para ser candidato ao Senado na chapa da base do governador Ronaldo Caiado, tem sido alvo de críticas de colegas do partido, que o acusam de agir de forma desleal e de tentar sabotar adversários internos.
A movimentação de Bolsonaro teve como objetivo evitar que os conflitos internos ganhassem ainda mais visibilidade em meio à delicada conjuntura em Brasília, onde o ex-presidente é alvo de investigações no Supremo Tribunal Federal (STF) relacionadas aos atos golpistas de 8 de janeiro. O recado também foi direcionado ao grupo de Wilder Morais, para que cessassem os embates públicos e evitassem dar margem à narrativa de um partido dividido. As informações foram reveladas pela coluna Giro de O Popular.
Apesar da tentativa de apaziguamento, lideranças do PL goiano mantêm o tom de confronto. O vice-presidente estadual do partido, Fred Rodrigues, foi enfático ao afirmar que a repreensão de Bolsonaro foi exclusivamente direcionada a Vitor Hugo, a quem acusa de usar a legenda para interesses próprios. Fred, que também participou do programa Papo Aberto, da TV Capital, ao lado de outros dirigentes da sigla, afirmou que o vereador poderá ser expulso do partido caso insista nas "articulações anti-PL". No mesmo programa, o deputado federal Gustavo Gayer — outro nome cotado ao Senado — engrossou as críticas e chamou Vitor Hugo de “covarde”, acusando-o de espalhar rumores sobre uma suposta prisão ou cassação.
As divisões escancaradas minam a autoridade de Wilder Morais dentro do partido e enfraquecem sua posição como candidato ao governo de Goiás. Sem controle total da legenda e enfrentando resistências até entre aliados, o senador vê seu projeto ser corroído por disputas internas que nem mesmo a figura de Bolsonaro tem conseguido conter.