22/05/25
O ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Carlos de Almeida Baptista Júnior, confirmou nesta quarta-feira (21) que as Forças Armadas não aderiram ao plano golpista idealizado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro para evitar a posse de Luiz Inácio Lula da Silva em 2023. Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) e anteriormente à Polícia Federal, Baptista relatou que o então comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, chegou a avisar Bolsonaro que poderia prendê-lo caso insistisse na tentativa de ruptura institucional.
O ex-chefe da FAB relatou uma reunião no Ministério da Defesa, em 14 de novembro de 2022, na qual foi apresentada uma minuta de decreto presidencial que previa impedir a posse de Lula. Segundo ele, ao perceber o conteúdo do documento, recusou-se a permanecer na sala. “Falei: ‘não admito sequer receber este documento nem ficarei aqui’”, contou. A minuta já estava sobre a mesa quando ele chegou, onde estavam reunidos também o general Freire Gomes, o então comandante da Marinha, almirante Garnier, e o ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira.
Embora tenha relatado que Garnier, em certo momento, colocou a Marinha “à disposição” de Bolsonaro, Baptista Júnior ressaltou que não houve apoio unânime entre os militares para o plano golpista — o que foi crucial para seu fracasso. “O motivo pelo qual o plano não teve sucesso foi a não participação unânime das Forças Armadas”, afirmou ao ser questionado pelo ministro do STF Luiz Fux.
O ex-comandante também confirmou que as reuniões envolviam discussões sobre a prisão de autoridades, incluindo o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, citado como um dos principais alvos. Segundo ele, essas conversas faziam parte de um “brainstorm” de ações que circulavam entre os aliados mais próximos de Bolsonaro nos momentos que sucederam sua derrota nas urnas. As revelações reforçam que, mesmo diante da articulação golpista, o alto comando militar resistiu à tentativa de rompimento da ordem democrática.
