06/06/25
A nova rodada da pesquisa Genial/Quaest acendeu um alerta no Palácio do Planalto: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega à metade do mandato com a pior avaliação desde que reassumiu o cargo, e já aparece tecnicamente empatado com nomes da direita nas simulações para 2026. Jair Bolsonaro, Michelle Bolsonaro e Tarcísio de Freitas figuram com intenções de voto próximas às de Lula, dentro da margem de erro. O cenário indica que, caso o governo mantenha o atual ritmo, o petista pode repetir a derrocada de Bolsonaro em 2022: ser derrotado por rejeição, e não por adesão ao adversário.
O desgaste tem como pano de fundo uma sucessão de escândalos e ruídos de comunicação. Ao longo de 2023 e 2024, o governo Lula foi marcado por reações tardias a crises, como os episódios envolvendo o INSS, o avanço da criminalidade e a instabilidade econômica. Programas sociais como o Pé de Meia, o Auxílio Gás e isenções para inscritos no CadÚnico têm pouca penetração na opinião pública, ofuscados por uma narrativa negativa mais bem articulada pela oposição nas redes.
Para analistas políticos, o governo padece de um problema estrutural de comunicação. Enquanto a direita domina a lógica das redes sociais com mensagens curtas, virais e polarizadoras — muitas vezes desinformativas —, o governo Lula mantém uma estratégia defensiva, desarticulada e pouco eficiente para marcar posição ou mobilizar bases. Isso tem permitido à oposição manter o protagonismo do debate, mesmo sem apresentar propostas claras ou unificadas.
O impasse é ainda maior diante da indefinição sobre o futuro da própria direita. Jair Bolsonaro, inelegível e às voltas com investigações, reluta em abrir espaço para um sucessor. Mesmo assim, nomes como Tarcísio e Michelle Bolsonaro já despontam com força. Se Lula não reorganizar sua base aliada e não construir uma narrativa sólida nos próximos meses, pode ver sua candidatura à reeleição implodir antes mesmo da campanha começar de fato.
Com o tempo correndo e os índices de desaprovação em alta, Lula enfrenta um cenário político semelhante ao de seu antecessor: isolado, acuado por crises e empurrado por um eleitorado descrente. Se a virada não vier logo — com comunicação eficaz, alianças ampliadas e presença mais firme nas redes —, o presidente corre o risco de sair da história, em 2026, como o novo líder derrotado por um sentimento de exclusão nas urnas.