08/06/25
As administrações de Goiânia e Aparecida de Goiânia completam seis meses ainda às voltas com dívidas herdadas de gestões passadas. Apesar de ações para controle de gastos e manutenção dos serviços essenciais, os dois municípios ainda não têm previsão para equacionar os débitos acumulados — e concentram os esforços, por ora, no pagamento da folha salarial dos servidores públicos.
Na capital, o cenário é especialmente grave. A Prefeitura estima que o passivo total já se aproxima dos R$ 4 bilhões, considerando os R$ 3,5 bilhões divulgados oficialmente e dois novos precatórios milionários notificados pela Justiça — R$ 480 milhões, por decisão do Tribunal de Justiça de Goiás (TJ-GO), e R$ 260 milhões relativos à Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg), segundo determinação da Justiça Federal.
O prefeito Sandro Mabel (UB) mantém o município sob estado de calamidade financeira, declarado desde o início da gestão. Um pedido de prorrogação foi protocolado na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) no início de maio, mas ainda não foi votado. O Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) já recomendou duas vezes a rejeição da justificativa apresentada pela Secretaria Municipal da Fazenda (Sefaz).
As áreas mais impactadas pelas dívidas são a Comurg, o Instituto Municipal de Assistência à Saúde dos Servidores (Imas) e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). A atual gestão informa ter quitado pouco mais de 10% da dívida inicial e aposta no trabalho de um Comitê de Controle de Gastos, criado para avaliar e aprovar com rigor todas as despesas do município.
“Há uma análise criteriosa e multidisciplinar dos gastos. Todas as despesas passam por um processo de qualificação, sendo analisadas criteriosamente e aprovadas, ou não”, diz nota enviada pela Sefaz.
Aparecida
Em Aparecida de Goiânia, a situação também é de aperto. O prefeito Leandro Vilela (MDB) assumiu o comando com R$ 474 milhões em dívidas, conforme levantamento da Secretaria Municipal da Fazenda. O valor contempla débitos com fornecedores, encargos com pessoal e contratos não empenhados.
De acordo com o secretário da Fazenda, Carlos Eduardo Rodrigues, a estratégia adotada inclui cortes drásticos de custos administrativos. “Esse ganho de caixa foi tudo que nós fizemos nesses cinco meses”, afirmou, citando a suspensão de atividades não essenciais, o congelamento de contratos e a redução do número de comissionados — com mais de 2 mil cargos extintos.
“Hoje temos 130 carros parados desde janeiro, na garagem. Não reconduzimos grande parte dos motoristas que dirigiam esses carros e não estamos gastando com combustível ou peças”, exemplificou o secretário.
Segundo ele, ainda não há prazo definido para quitação total dos débitos, mas a prioridade é manter a folha de pessoal em dia e garantir os pagamentos correntes de 2025. Já foram pagos os salários de dezembro, as despesas com pequenos credores e fornecedores essenciais, como energia, internet, gás, combustível e saúde.
Na área da educação, os investimentos foram concentrados na manutenção da rede escolar, com a realização de serviços como roçagem e dedetização. “Sem esses serviços, as aulas não podem ocorrer. É uma enormidade de gastos fundamentais, e todos foram saldados”, pontuou Carlos Eduardo.
Folha regularizada
Tanto Goiânia quanto Aparecida asseguram que estão com a folha de pagamento regularizada. A Prefeitura da capital ressalta que herdou da gestão de Rogério Cruz folhas salariais quitadas apenas parcialmente nos últimos três meses de 2024 — sem repasses de tributos e contribuições obrigatórias. Essas pendências, segundo a atual administração, já foram pagas.