11/06/25
Durante interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) classificou como “malucos” os apoiadores que, após as eleições de 2022, pediam intervenção militar e a volta do AI-5. A declaração foi dada no âmbito da ação penal em que é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de liderar uma organização criminosa para tentar se manter no poder após a derrota eleitoral.
“O pessoal não fez absurdo. Agora, tem sempre uns malucos ali que ficam com aquela ideia de AI-5, intervenção militar, que as Forças Armadas jamais iam embarcar nessa”, afirmou o ex-presidente, negando ter apoiado ações golpistas. Ele disse ainda que preferiu manter os acampamentos de manifestantes afastados do centro de Brasília. “Se nós desmobilizássemos aquilo, poderia o pessoal ir na Praça dos Três Poderes, o que é pior ainda.”
Bolsonaro também tentou se desvincular dos atos de 8 de janeiro e cobrou investigação da Polícia Federal sobre quem teria convocado os protestos. Segundo ele, os responsáveis pelos atos radicais não faziam parte de seu grupo político. “Essas pessoas foram embora e deixaram o povo acampado lá. Não procede que eu colaborei com o 8 de janeiro”, disse, acrescentando: “Não tem nada meu ali estimulando aquela baderna, que nós repudiamos.”
O depoimento ocorre no curso da investigação que trata da tentativa de golpe após as eleições. Para a PGR, Bolsonaro integrava o “núcleo crucial” da articulação golpista e usou sua influência política para questionar a legitimidade do processo eleitoral e incentivar medidas antidemocráticas.