14/06/25
O PSDB suspendeu as tratativas para fusão com o Podemos após impasse sobre quem comandaria a nova sigla. A decisão foi confirmada nesta sexta-feira, 13, pelo deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) e, em seguida, pelo presidente nacional do PSDB, Marconi Perillo. O Podemos ainda não se pronunciou sobre o caso.
Aécio explicou que o ponto de ruptura foi a exigência do Podemos para que a deputada federal Renata Abreu assumisse a presidência do partido unificado por quatro anos. “É uma exigência que não estava nem sendo cogitada e para nós, é intransponível”, afirmou o parlamentar. Ele disse que a proposta original do PSDB previa rodízio no comando, com trocas semestrais, depois anuais, até 2028, quando seria eleito um diretório com mandato regular de dois anos.
Segundo o tucano, após a recusa, o partido já reabriu conversas com outras legendas. “Nós agradecemos, dissemos que nesse tempo [de mandato] não dá e imediatamente retomamos conversas sobre federação com Republicanos, Solidariedade e o MDB”, disse Aécio.
Marconi Perillo confirmou o fim das negociações e a divergência em torno da presidência. “Por outro lado, seguimos insistindo na ideia de construir uma plataforma política que agrupe o Centro Democrático e apresente ao país uma alternativa de poder”, afirmou.
Internamente, o PSDB tratava a fusão como uma incorporação do Podemos. Isso porque os tucanos estão federados com o Cidadania e dependeriam do aval do parceiro para concretizar a junção. Apesar disso, aliados de Renata Abreu consideram natural que ela assuma a liderança da sigla fundida, já que o Podemos tem 15 deputados federais — com expectativa de chegar a 17 — e quatro senadores, enquanto o PSDB conta com 13 deputados e três senadores.
A tentativa de união ocorre em um momento delicado para os tucanos, que enfrentam perda de espaço político, esvaziamento de bancada e risco de não eleger nenhum governador em 2026. O atual governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PSDB), negocia mudança para o PP ou PSD, mesmo caminho seguido por Eduardo Leite (RS) e Raquel Lyra (PE), que deixaram a sigla. A cláusula de barreira e o enxugamento do sistema partidário também pressionam movimentos como a fusão.
Apesar da suspensão, os tucanos não descartam uma eventual retomada das negociações com o Podemos, mas em outro formato. “Federar é algo que pode ser considerado”, indicou Aécio.