16/06/25
Indústrias farmacêuticas têm investigado o veneno da aranha-armadeira, espécie presente em Goiás, como possível base para novos medicamentos contra a disfunção erétil. O interesse se deve a um efeito colateral incomum da picada: ereções involuntárias e prolongadas, conhecidas como priapismo. A espécie, cujo nome científico é Phoneutria, é típica de regiões do Cerrado, Mata Atlântica e Pampa.
Em Goiás, o Hospital Estadual de Doenças Tropicais (HDT) é referência no atendimento de acidentes com aranhas, incluindo a armadeira. Somente em 2024, a unidade registrou 323 casos de picadas por aranhas, sendo a maioria causadas pela aranha-marrom (Loxosceles), com 115 notificações. A armadeira foi responsável por 58 casos. Dados anteriores divulgados pelo HDT já apontavam uma projeção de aumento de até 235% nos registros de acidentes com aranhas no estado neste ano.
A armadeira costuma ser encontrada em bananeiras, mas também pode se abrigar em sapatos, móveis, entulhos e materiais de construção. Segundo o pesquisador Rogério Bertani, do Instituto Butantan, o priapismo costuma surgir em casos mais graves e pode durar até duas horas em adultos, acompanhado de outros sintomas como dor intensa, taquicardia e edema pulmonar.
A recomendação em caso de picada é lavar o local com água e sabão e procurar atendimento médico o quanto antes. O protocolo indica procurar inicialmente uma unidade básica de saúde para eventual encaminhamento à rede especializada. Dados do Ministério da Saúde indicam que, entre 2019 e 2023, o Brasil registrou 23.868 casos de acidentes com armadeiras, com 13 mortes notificadas.