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Justiça ignorou alertas e permitiu funcionamento de lixão que desabou em Padre Bernardo

20/06/25

O desabamento ocorrido no lixão de Padre Bernardo, na última quarta-feira (18/6), expôs um histórico de irregularidades e embates judiciais que, segundo autoridades ambientais, poderiam ter evitado a tragédia. O local operava de forma precária e sem licença ambiental desde 2016, tendo sido alvo de múltiplas sanções, embargos e fiscalizações da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás (Semad). Mesmo assim, o funcionamento foi mantido graças a liminares concedidas pela Justiça Federal e pelo Tribunal de Justiça de Goiás (TJGO), que anularam as tentativas de paralisação feitas pelo Estado.

A secretária estadual de Meio Ambiente, Andréa Vulcanis, esteve no local e classificou o episódio como “tragédia anunciada”. Segundo ela, centenas de toneladas de resíduos escorreram até o Rio do Sal, provocando danos ambientais severos, além da contaminação de um córrego que inviabiliza o uso da água para consumo humano e atividades agrícolas. “Informamos reiteradamente ao Poder Judiciário sobre os riscos. Essa operação era ilegal e extremamente precária”, afirmou.

Mesmo diante de sete autuações e embargos administrativos emitidos pela Semad, a empresa responsável pelo lixão conseguiu manter as atividades por meio de decisões judiciais. Desde 2016, o local foi multado por operar sem licença, descumprir condicionantes ambientais, descartar resíduos de forma irregular e ignorar embargos. As penalidades se repetiram em 2021, 2022, 2023 e novamente em 2024, sempre diante da reincidência de infrações.

Agora, diante do colapso ambiental, a Semad informou que vai retomar medidas judiciais para reativar o embargo ao lixão. A pasta reitera que o Estado agiu preventivamente para evitar o desastre, mas foi impedido por decisões da Justiça que autorizaram a continuidade de uma operação já considerada insustentável pelas autoridades ambientais.


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