Goiânia, 26/08/2025
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Bancada de Goiás recebe R$ 106 milhões em emendas do Governo Federal

21/06/25

O governo federal liberou R$ 106,2 milhões em emendas parlamentares para deputados e senadores da bancada de Goiás até 18 de junho deste ano. Os dados são do sistema Siga Brasil, do Senado Federal, e foram levantados pelo jornal O Popular em meio à pressão do Congresso Nacional por repasses diante da tramitação de pautas fiscais impopulares, como o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Entre os parlamentares goianos, o senador Vanderlan Cardoso (PSD) lidera com R$ 27,6 milhões pagos. Ele atribui o volume à decisão de não priorizar o modelo de repasse por “pix” em 2023. “As emendas começaram a ser liberadas agora. Houve atraso por causa das regras definidas pelo ministro Flávio Dino no início do ano”, disse.

Mesmo com críticas à gestão federal, quatro nomes do Partido Liberal (PL) — principal legenda de oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) — estão entre os que mais receberam. O deputado federal Professor Alcides, atualmente sem partido, mas eleito pelo PL, teve R$ 15,3 milhões pagos. Daniel Agrobom recebeu R$ 7,5 milhões; Gustavo Gayer, R$ 7 milhões; e o senador Wilder Morais, R$ 8,3 milhões.

Agrobom declarou que os recursos liberados se referem a restos a pagar de emendas impositivas do exercício anterior. “As liberações seguem a legislação orçamentária. Não vejo critérios políticos na liberação”, afirmou.

Completam a lista de parlamentares que receberam os maiores volumes de emendas neste ano os deputados Lêda Borges (PSDB), com R$ 5,7 milhões, e Rubens Otoni (PT), com R$ 5,6 milhões.

A maior parte dos recursos foi destinada à Saúde, setor com prioridade legal e política nas destinações. Alcides aparece com R$ 13,8 milhões aplicados no incremento de custeio primário da saúde. Vanderlan recebeu R$ 12 milhões para a mesma finalidade e R$ 6,7 milhões para instituições federais de ensino. Wilder teve R$ 7,2 milhões liberados, seguido por Lêda Borges (R$ 4,3 milhões), Marussa Boldrin (R$ 2,7 milhões) e Gustavo Gayer (R$ 2,3 milhões).

Zacharias Calil (UB) destinou R$ 2,4 milhões à Codevasf, estatal voltada para obras de infraestrutura.

Na outra ponta, Célio Silveira (MDB) aparece com o menor valor pago: R$ 68,4 mil. Ele afirma que se trata de resíduo de exercícios anteriores e rejeita que tenha sido preterido. “Todas as minhas emendas foram pagas normalmente.” Silveira criticou o governo pela proposta de aumento do IOF. “Não há chance de o Congresso aprovar aumento de imposto. O governo deveria cortar emendas de comissão se quiser ajustar as contas.”

Os repasses ocorrem em meio à retomada das negociações entre Executivo e Legislativo após meses de tensão. O Orçamento de 2025, de R$ 5,8 trilhões, enfrentou atrasos por divergências sobre as emendas e só foi aprovado após acordo firmado entre o Palácio do Planalto e o Congresso, mediado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

As novas regras exigem mais controle e transparência. O STF suspendeu os pagamentos no ano passado e exigiu critérios mais rígidos após denúncias envolvendo o chamado “orçamento secreto”. Em fevereiro, o ministro Flávio Dino homologou um plano de trabalho que destravou os repasses, mas, segundo os parlamentares, os procedimentos burocráticos ainda dificultam a execução.

Para a liberação de recursos da Saúde, por exemplo, cada emenda exige a abertura de conta específica e a apresentação de plano de trabalho. Integrantes da bancada afirmam que o processo é lento e pode comprometer a efetividade das destinações.


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