24/06/25
Durante a sessão do Colégio de Procuradores do Ministério Público de Goiás (MP-GO), realizada nesta segunda-feira (23), a ouvidora substituta da instituição, Carla Fleury, solicitou a emissão de uma moção de apoio à promotora Leila Maria de Oliveira, que protagoniza recentes embates públicos com o governador Ronaldo Caiado (UB). A iniciativa, embora enquadrada como gesto de solidariedade institucional, reacende críticas à postura de parte do MP diante da opinião pública.
Carla Fleury é a mesma procuradora que, meses atrás, gerou forte reação ao afirmar que os salários dos promotores em Goiás não seriam suficientes para manter um padrão de vida adequado. Em declaração feita durante uma reunião interna, ela lamentou a situação de colegas em início de carreira: “Eu tenho dó dos promotores que estão iniciando aqui a carreira. Promotores que têm filhos na escola, porque o custo de vida é muito caro”, disse à época. A fala viralizou nas redes sociais e foi duramente criticada por soar desconectada da realidade da maioria dos brasileiros.
Promotores em Goiás recebem vencimentos em torno de R$ 30 mil, próximo ao teto constitucional do funcionalismo público. Já a renda média do trabalhador brasileiro gira em torno de R$ 3 mil, segundo o IBGE — uma diferença de dez vezes. A declaração de Fleury foi interpretada como insensível e reforçou a percepção de que parte do Ministério Público opera sob uma lógica corporativista, distante das dificuldades enfrentadas pela população.
A nova manifestação de Carla Fleury, ao propor apoio formal a uma promotora em conflito com o Executivo estadual, ocorre num momento em que o Ministério Público já enfrenta críticas quanto à sua postura institucional e à dificuldade de dialogar com os dilemas sociais mais urgentes do país. A sobreposição de discursos que alternam vitimização e autodefesa de privilégios aprofunda a crise de imagem da instituição.