26/06/25
A derrubada do decreto que aumentava o IOF impôs uma derrota expressiva ao governo Lula e acentuou a crise de articulação política do Palácio do Planalto. A decisão do Congresso escancara o enfraquecimento da base governista e evidencia o isolamento crescente do presidente, a pouco mais de um ano da eleição presidencial.
Dos 513 deputados, 383 votaram contra o decreto — incluindo partidos com ministérios no governo, como PSD, MDB, Republicanos, Progressistas e União Brasil. Até legendas historicamente aliadas, como PSB e PDT, se posicionaram contra o Planalto. Apenas 98 parlamentares mantiveram apoio à medida, considerada essencial pela equipe econômica para o cumprimento das metas fiscais.
A amplitude da derrota mostra que o desgaste do governo na opinião pública já contamina a base aliada no Congresso. A queda na popularidade de Lula, registrada por pesquisas como Datafolha, Ipsos e Ipec nos últimos meses, tem alimentado movimentos de distanciamento entre partidos e governo — e redesenha as alianças de olho na sucessão de 2026.
O discurso contra o aumento de impostos foi adotado tanto pela oposição quanto por setores da base, que buscaram capitalizar o voto como gesto em defesa da população. “O povo brasileiro sai fortalecido. O pagador de impostos já paga demais. O governo não tem capacidade de gerir a política econômica”, afirmou o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder da maior bancada de oposição.