12/07/25
O prefeito de Goiânia, Sandro Mabel (UB), levou integrantes da gestão municipal para um lanche dentro do lixão da cidade, na tentativa de minimizar os problemas estruturais apontados por técnicos da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad). O gesto foi registrado em vídeo divulgado nas redes sociais da prefeitura.
Durante a gravação, Mabel aparece ao lado do presidente da Associação Brasileira de Resíduos Sólidos (Abrema), Pedro Maranhão, e de auxiliares. Ao ser convocada pelo prefeito, a chefe de gabinete afirmou: “Já lanchei, já tomei refrigerante, não tem mosquito, não tem urubu”. O vídeo também registra o som de fogos de artifício enquanto Mabel conversa com Maranhão, que, em entrevistas anteriores, criticou duramente o modelo de gestão de resíduos da capital. “Goiânia vive uma era medieval na gestão do lixo”, disse o dirigente da Abrema.
O lixão de Goiânia opera irregularmente desde 2011, quando perdeu a licença ambiental. Mesmo após firmar acordo com o Ministério Público para regularizar a situação, a prefeitura não cumpriu as exigências previstas. Em 2025, a Justiça determinou a interdição do local, decisão que foi revertida após pedido da administração municipal. Desde então, a Semad aplica multas diárias ao município e cobra a elaboração de um plano de desmobilização.
Relatório técnico publicado pela secretaria em maio deste ano aponta 12 falhas críticas na operação do lixão, entre elas a ausência de licenças, falhas nos sistemas de impermeabilização e drenagem, risco de deslizamento, proximidade com áreas urbanas e presença de animais vetores de doenças.
O prefeito, no entanto, insiste em contestar os pareceres técnicos, afirmando que o espaço está em boas condições. A visita com lanche foi a mais recente tentativa de dar tom político ao debate, em meio à pressão judicial e aos alertas de órgãos ambientais sobre os riscos sanitários e ambientais do local.
A Semad confirmou que segue com os procedimentos de fiscalização e destacou que o município será convocado novamente para apresentar medidas que viabilizem o encerramento definitivo das atividades no lixão. Até o momento, a prefeitura não apresentou plano que atenda aos critérios exigidos pela legislação ambiental.
