Goiânia, 26/08/2025
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BR-153 concentra mortes e espera por duplicação há mais de uma década

17/07/25

A BR-153, conhecida como a rodovia mais perigosa de Goiás, voltou ao centro do debate público após o trágico acidente que vitimou cinco pessoas, entre elas estudantes da Universidade Federal do Pará (UFPA), na madrugada da última quarta-feira (16), em Porangatu. O episódio, que ocorreu quando um caminhão invadiu a contramão e colidiu com um micro-ônibus, provocou comoção nacional e críticas às precárias condições das rodovias brasileiras. Em ato realizado na abertura do Congresso da UNE, participantes denunciaram o modelo logístico que “prioriza a mercadoria em detrimento da vida”.

Com tráfego diário de aproximadamente 49 mil veículos, a BR-153 é um dos principais corredores logísticos do país, especialmente para o escoamento de cargas. No entanto, esse volume intenso de caminhões e carretas contrasta com a infraestrutura precária do trecho norte, que segue quase todo em pista simples, entre Anápolis e Aliança do Tocantins. Apesar de a Ecovias Araguaia ter assumido a concessão em 2022, a duplicação ainda não saiu do papel. A concessão anterior, firmada com a Queiroz Galvão, foi encerrada sem avanços após denúncias de corrupção na Operação Lava Jato.

Mesmo com investimentos recentes em pavimentação e sinalização, a rodovia continua a registrar uma sucessão de tragédias. Levantamento da Confederação Nacional do Transporte (CNT) mostra que, entre novembro de 2022 e outubro de 2023, foram quase 4 mil acidentes, com uma média de nove mortes a cada cem ocorrências. Motoristas relatam que o asfalto renovado estimula velocidades mais altas, enquanto a imprudência, tanto de condutores de veículos leves quanto pesados, segue sendo um fator determinante para os acidentes.

Colisões frontais são frequentes e ocorrem em sequência. No dia 10 de julho, duas pessoas morreram em uma batida violenta. No final de junho, duas mulheres perderam a vida em outra colisão próxima a Porangatu. Já na véspera do acidente com os estudantes, um motociclista morreu no trevo de acesso à mesma cidade, em trecho sinalizado por sistema Pare e Siga. A rodovia, apesar de bem monitorada, acumula episódios que revelam falhas de segurança estrutural e comportamento de risco por parte dos motoristas.

Nos primeiros dias da Operação Férias da PRF, mais de mil infrações por ultrapassagem proibida foram registradas em Goiás, a maioria na BR-153. A concessionária afirma contar com 533 câmeras distribuídas ao longo de suas rodovias, mas nem a tecnologia tem sido suficiente para conter o rastro de mortes. Enquanto a duplicação não avança, a BR-153 segue como um território de risco, onde o trânsito intenso e a falta de estrutura transformam qualquer viagem em potencial tragédia.


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