20/07/25
O Partido dos Trabalhadores tem articulado nos bastidores para que a vereadora Aava Santiago (PSDB), de Goiânia, exerça um papel estratégico na construção de um palanque para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Goiás. Embora a parlamentar não tenha influência expressiva entre o eleitorado evangélico, ela mantém relação próxima com lideranças petistas e é vista em Brasília como uma “petista honorária”.
A principal aposta do PT é que Aava funcione como ponte para uma possível reaproximação com o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), de quem a vereadora se diz próxima, apesar de raramente aparecer ao lado dele em eventos públicos. A leitura é que Aava poderia abrir caminho para que o tucano retome o diálogo com o partido, viabilizando uma aliança em 2026.
“Aava fez um voo solo e está ocupando um espaço cada vez mais amplo na política de Goiás. Se entrar na fila do PT, vai demorar décadas para ocupar uma posição de destaque. Então, por uma questão de racionalidade política, não se filiará ao PT”, avaliou um dirigente petista.
Mesmo sem filiação, a relação de Aava com o núcleo do governo federal é consolidada. Ela tem participado de agendas com a deputada federal Adriana Accorsi (PT-GO), com o presidente Lula e com a primeira-dama Janja. A presença constante junto ao grupo reforça sua imagem de aliada, embora mantenha formalmente o vínculo com o PSDB.
Internamente, há dúvidas sobre a real intenção da vereadora quanto à disputa majoritária. O PT trabalha com a possibilidade de vê-la candidata ao Senado ou ao governo estadual, mas também reconhece que sua atuação pode ter como principal objetivo atrair Marconi para o campo lulista.
Por outro lado, sua ligação com setores progressistas e com o campo da esquerda tem gerado resistência entre eleitores evangélicos, segmento no qual sua influência é limitada. Críticos dentro e fora da base aliada apontam que a proximidade de Aava com temas ligados aos direitos civis e à agenda de costumes afasta esse eleitorado.
A costura entre PT e PSDB, embora vista com ceticismo por parte da militância dos dois lados, busca romper o isolamento político do presidente Lula em Goiás, um dos estados em que o partido enfrenta maior resistência eleitoral.