23/07/25
O governador Ronaldo Caiado (União Brasil) saiu em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e criticou a operação da Polícia Federal que resultou na imposição de tornozeleira eletrônica ao ex-mandatário, medida autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em entrevista coletiva nesta terça-feira (23), Caiado classificou a decisão como um “excesso” e questionou os fundamentos jurídicos da ação.
“É inadmissível impor medidas tão duras a alguém que ainda não foi julgado, que não responde a nenhuma condenação e tem se colocado à disposição da Justiça”, afirmou. “Colocar tornozeleira em um ex-presidente da República é um constrangimento desnecessário, incompatível com a democracia e com o respeito às lideranças políticas do país.”
A operação da PF, realizada na última sexta-feira (18), investiga suposta obstrução de Justiça e tentativa de atentado à soberania nacional, com base na suspeita de que Bolsonaro e seu filho, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), teriam atuado para influenciar o ex-presidente americano Donald Trump na adoção de tarifas comerciais contra o Brasil.
Caiado, no entanto, rejeitou a versão de que houve crime e apontou o governo Lula como responsável pela deterioração da relação com os Estados Unidos. “Essa narrativa de que Bolsonaro agiu contra o Brasil não se sustenta. O que há é uma política externa mal conduzida que levou ao tarifaço. E agora tentam transferir a culpa”, declarou.
Embora tenha reforçado que respeita o Judiciário, o governador afirmou que decisões judiciais também devem ser passíveis de crítica quando ultrapassam os limites legais. “O Supremo tem a missão de julgar, não de punir por antecipação. Julgamento deve seguir os ritos legais, com isenção, sem viés ideológico. A democracia exige equilíbrio”, disse.
O governador ainda questionou o impacto da medida para a imagem institucional do país. “Tratar adversários políticos como criminosos antes mesmo de uma sentença é algo perigoso. Bolsonaro tem o direito de se manifestar, de se defender. A liberdade de expressão e de opinião não podem ser cerceadas.”
