26/07/25
Enquanto a população goianiense depende da Prefeitura para a prestação de serviços essenciais, a Câmara Municipal de Goiânia, responsável pela fiscalização e elaboração de leis, ostenta um número de cargos comissionados que é quase o dobro do Executivo. Em junho deste ano, o Legislativo registrou 1.505 servidores comissionados, contra 758 no Paço Municipal. Essa disparidade levanta questionamentos sobre a alocação de recursos e a prioridade na estrutura administrativa da capital. O levantamento é do Jornal O Popular.
A Câmara Municipal opera com uma verba garantida por lei, o duodécimo, que é uma parcela do orçamento municipal transferida mensalmente, faça chuva ou faça sol. Essa previsibilidade de receita, que dispensa a Casa de enfrentar as mesmas pressões orçamentárias do Executivo – que precisa arrecadar e gerir recursos para prover diretamente os serviços à população –, parece ser um dos fatores que contribuem para o inchaço de sua folha de pagamento.
Enquanto a Prefeitura, sob a gestão de Sandro Mabel (UB), aumentou seus comissionados de 214 em janeiro para 758 em junho de 2025 – com uma despesa que subiu de R$ 1,4 milhão para R$ 4,5 milhões no mesmo período –, os números do Legislativo permanecem em patamares elevados, como revelado pelo Portal da Transparência da Câmara. É importante notar que, mesmo com o aumento na Prefeitura, os dados atuais de Mabel são menores do que os registrados nos primeiros semestres das últimas duas gestões, de Iris Rezende (MDB) e Rogério Cruz (SD).
Nos bastidores, a relação entre a Prefeitura e a Câmara tem sido marcada por uma disputa por espaço. Desde que venceu as eleições em 2024, Sandro Mabel deixou claro que os vereadores teriam menos influência na indicação de comissionados para o Paço, uma mudança em relação à gestão anterior de Rogério Cruz (SD).
A insatisfação dos vereadores com a diminuição de seu poder de indicação tem se manifestado de diversas formas. Recentemente, um requerimento para a abertura de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar supostas irregularidades no contrato da empresa Limpa Gyn, responsável pela coleta de lixo, foi assinado por 16 membros da base aliada. Além disso, houve uma articulação, pouco antes do recesso, para arquivar projetos do Executivo, embora Mabel tenha agido rapidamente para retirar as matérias de tramitação.
A manutenção de um número tão elevado de comissionados na Câmara, em comparação com a Prefeitura, que é a responsável direta pela entrega de serviços públicos à população, evidencia uma distorção preocupante na estrutura de poder em Goiânia.
