29/07/25
A quatro dias da entrada em vigor do tarifaço de 50% imposto por Donald Trump sobre produtos brasileiros, o Brasil enfrenta resistência interna nas tentativas de reabrir o diálogo com os Estados Unidos. O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou, em entrevista ao SBT, que trabalha ativamente contra a missão oficial de senadores brasileiros que estão nos EUA para tentar negociar com a Casa Branca. “Eu trabalho para que eles não encontrem diálogo”, declarou o parlamentar, deixando claro que não apoia qualquer esforço diplomático que não envolva o arquivamento do processo contra seu pai, Jair Bolsonaro, por tentativa de golpe.
Eduardo foi direto ao condicionar qualquer avanço nas tratativas ao fim da investigação judicial que envolve o ex-presidente. “Se o Brasil der um primeiro passo para mostrar que está disposto a resolver essa situação, o Trump abre uma mesa de negociação”, disse. A declaração foi interpretada como uma tentativa deliberada de usar a crise econômica para pressionar o governo e transformar um problema comercial em moeda de troca política.
Enquanto isso, os parlamentares brasileiros que estão em missão oficial nos EUA enfrentam dificuldades. Até o momento, não conseguiram ser recebidos por nenhuma autoridade do alto escalão americano, e o tempo para um possível entendimento é curto. Os encontros realizados até agora foram com empresários e representantes do setor produtivo, que expressaram preocupação com o impacto das tarifas sobre as exportações brasileiras. A percepção entre os membros da missão é de que o Brasil está cada vez mais isolado.
Apesar da sabotagem política interna, o governo federal continua empenhado em evitar o agravamento da crise. O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o Brasil segue negociando por vias diplomáticas, tanto oficiais quanto reservadas. Em Washington, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, tem reforçado junto ao Departamento de Estado americano a disposição do país para construir uma solução negociada.
No Brasil, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou um tom mais conciliador. Em declarações recentes, afirmou esperar que Donald Trump reflita sobre a importância das relações com o Brasil e se mostrou disposto a sentar à mesa de negociações. Enquanto o Executivo tenta abrir caminhos diplomáticos, Eduardo Bolsonaro amplia a tensão política e trabalha na contramão dos interesses comerciais do país.