31/07/25
A Câmara Municipal de Goiânia intensificou, ao longo do mês de julho, a pressão sobre o prefeito Sandro Mabel (UB) por mais espaço na estrutura da Prefeitura. Vereadores da base cobram ampliação na liberação de cargos comissionados e emendas parlamentares, e vêm utilizando uma combinação de articulações de bastidores e medidas concretas para elevar o tom com o Paço Municipal. Uma das ações mais simbólicas foi a apresentação de requerimento para abertura de uma Comissão Especial de Inquérito (CEI) para investigar o contrato da empresa Limpa Gyn, responsável pela coleta de lixo na capital.
Apesar das tentativas de minimizar a crise, a secretária de Governo, Sabrina Garcez, reconheceu a existência de insatisfações entre os vereadores, embora tenha classificado a relação institucional como “muito boa”. Para ela, a presença de parlamentares em eventos do Executivo e a aprovação dos projetos no primeiro semestre demonstrariam alinhamento. No entanto, o movimento da base tem revelado justamente o contrário: uma cobrança crescente por maior participação política no governo Mabel.
A CEI da Limpa Gyn, proposta por Cabo Senna (PRD), já conta com 16 assinaturas, todas de parlamentares da base aliada. Embora o Paço alegue que a iniciativa não tem como alvo a atual gestão, o documento menciona diretamente o segundo aditivo contratual assinado por Mabel. O avanço da proposta durante o recesso legislativo é visto como uma forma de pressionar o prefeito a abrir espaço para indicações e negociar a permanência do apoio parlamentar.
Diante da ofensiva, Mabel e seus auxiliares tentam reverter o cenário, articulando a retirada de assinaturas para inviabilizar a comissão. O prefeito também retirou de tramitação quatro projetos relevantes, entre eles a proposta que alterava as regras de uso do empréstimo de R$ 710 milhões contratados na gestão anterior. A justificativa foi a ausência de pareceres técnicos, mas nos bastidores a leitura predominante é que se trata de um gesto tático, diante da ameaça de arquivamento por parte dos próprios aliados.
O clima de tensão se agravou ainda mais nesta semana, com a discussão entre os vereadores sobre a possibilidade de reduzir drasticamente o limite de remanejamento orçamentário do Paço para 2026, de 50% para apenas 2%. O consórcio Brilha Goiânia, responsável pela troca da iluminação pública, também entrou na lista de cobranças. Para parte da base, o recado é claro: sem espaço no governo, o apoio ao prefeito pode se tornar insustentável.