01/08/25
O senador Wilder Morais (PL-GO), presidente do diretório goiano do Partido Liberal, tem adotado práticas que lembram os tempos em que Marconi Perillo (PSDB) comandava o governo de Goiás. Assim como o ex-governador tucano, Wilder tem recorrido à Justiça com o objetivo de calar vozes críticas na imprensa.
A mais recente iniciativa do senador foi a tentativa de censurar judicialmente o Jornal Opção, por conta da publicação de uma matéria intitulada “Entenda por que Daniel Vilela é mais consistente para governador do que Wilder e Marconi”. A ação judicial escancara uma contradição com o discurso bolsonarista, que tem como bandeira central a defesa da liberdade de expressão.
A alegação do senador é de que a matéria em questão macularia sua “honra objetiva”. No entanto, assim como fez Marconi no passado, Wilder tenta transformar críticas políticas — parte fundamental do debate público e democrático — em ofensas pessoais passíveis de censura judicial.
Durante os mandatos de Perillo, era praxe que jornalistas e veículos críticos ao governo enfrentassem processos e intimidações legais. Agora, Wilder parece seguir à risca essa cartilha, utilizando seu poder e influência para tentar impor um silêncio forçado à imprensa goiana.
A atitude do senador, longe de ser uma mera busca por reparação de imagem, carrega um claro caráter de intimidação. Ao judicializar uma matéria opinativa, Wilder manda um recado direto aos veículos de comunicação do estado: qualquer posicionamento crítico poderá resultar em ações judiciais. Essa postura inibe a liberdade jornalística e compromete o direito da sociedade de ser informada de forma plural, crítica e independente.
O episódio é particularmente emblemático por partir de um político que integra o PL, partido que serve de base ao bolsonarismo, movimento que faz da liberdade de opinião um de seus principais lemas. Nas redes sociais, bolsonaristas exigem constantemente o fim da censura e o respeito à livre manifestação. No entanto, ao agir como Marconi, Wilder contradiz esse discurso e se alinha à lógica autoritária que seus aliados costumam condenar publicamente.
