Goiânia, 26/08/2025
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Padre acusado de ser servidor fantasma da Alego terá que devolver R$ 1,3 milhão

05/08/25

O padre Luiz Augusto Ferreira da Silva firmou acordo com o Ministério Público de Goiás (MP-GO) para encerrar ação por improbidade administrativa relacionada ao período em que foi apontado como servidor fantasma da Assembleia Legislativa de Goiás (Alego). Pelo acerto, celebrado no mês passado, o religioso pagará R$ 1,397 milhão, parcelados em 48 vezes. O caso veio à tona há mais de dez anos, após reportagem do jornal O Popular revelar que o padre não cumpria expediente desde 1995, mas recebia salário – que, em 2015, chegava a R$ 11,8 mil.

A denúncia ganhou repercussão nacional quando foi exibida pelo programa Fantástico, da TV Globo. Na época, o padre declarou que, caso fosse obrigado a devolver o dinheiro, seria preso por não ter recursos. Hoje aposentado com proventos de R$ 17 mil, ele reverteu em 2020 uma ordem de demissão e voltou ao cargo na Alego antes de se aposentar. O advogado Paulo Vaz afirma que o pagamento do acordo será possível graças a contribuições de amigos e familiares, e há informações de que fiéis da Paróquia Santa Teresinha, em Aparecida de Goiânia, planejam vaquinha para ajudar.

Segundo o MP-GO, o religioso recebeu de forma indevida R$ 4,5 milhões (valores corrigidos) ao longo de 20 anos, período em que foi lotado em gabinetes de deputados, na presidência da Casa e até cedido ao Sindicato dos Servidores do Legislativo (Sindisleg), sem exercer função efetiva. O acordo firmado por ele integra uma série de acertos celebrados pelo MP-GO com outros dez réus do mesmo processo, entre eles quatro ex-presidentes da Alego, que totalizam R$ 2,52 milhões em ressarcimento e multas.

O único a não assinar foi o ex-deputado e ex-presidente da Casa Samuel Almeida, atual secretário-geral do PSD goiano, que alega não ter responsabilidade sobre a frequência de servidores lotados em gabinetes parlamentares. “Eu não tinha ciência de servidor fantasma e não havia como controlar a presença de milhares de funcionários”, afirmou. Entre os que fecharam acordo na primeira etapa, homologada em fevereiro, estão Jardel Sebba, Célio Silveira, Helder Valin, Sebastião Tejota, Tiãozinho Costa e herdeiros do ex-deputado José Luciano da Fonseca.

Na nova etapa, além do padre, assinaram o termo o Sindisleg e o servidor Euclides de Oliveira Franco, que presidiu o sindicato no período em que o religioso foi cedido à entidade. Com isso, a previsão de recuperação de valores ao erário subiu para R$ 1,61 milhão. Até março deste ano, o MP-GO havia divulgado a existência dos acordos sem citar nomes, destacando que nem todos os envolvidos aceitaram negociar. Padre Luiz resistiu por meses, mas decidiu aderir para encerrar o processo.


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