Goiânia, 26/08/2025
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Gestão Rogério Cruz aumentou pagamentos à Comurg mesmo sem comprovar serviços

05/08/25

Durante a gestão do ex-prefeito Rogério Cruz (Republicanos), a Companhia de Urbanização de Goiânia (Comurg) inflou o volume de serviços previstos em contrato com a Prefeitura, elevando os valores pagos, mesmo em um período marcado por críticas da população sobre a falta de limpeza urbana, mato alto e deficiência na varrição das ruas. Em agosto de 2024, a empresa reajustou em 10% a 25% a quantidade de atividades contratadas, o que resultou em um acréscimo de R$ 6,48 milhões mensais no contrato. A medida ocorreu após a companhia perder, no primeiro semestre, a coleta de lixo, que representava R$ 13,7 milhões mensais em receita.

O aumento atingiu 19 serviços, sendo que 15 deles constam em uma lista de cobranças sem comprovação, investigada pela Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana (Seinfra). Entre os casos mais evidentes está a varrição manual de vias públicas: embora a própria Comurg tenha admitido queda na execução — média mensal de 138,6 mil quilômetros contra os 141,1 mil previstos originalmente —, o contrato foi reajustado para 155,2 mil quilômetros. Apenas nessa atividade, a companhia passou a ter direito a receber até R$ 1,23 milhão a mais por mês, mesmo com histórico de dificuldade para comprovar a realização do serviço.

A varrição, alvo de queixas constantes da população durante o governo Rogério Cruz, foi também um dos serviços mais questionados pela comissão especial da Seinfra, que identificou R$ 25,2 milhões em atividades não medidas, incluindo R$ 9,9 milhões referentes a quilômetros supostamente varridos. Casos semelhantes ocorreram com capina, roçagem e recolhimento manual de lixo, que tiveram aumento contratual de até 20% em agosto de 2024, mesmo com registros internos indicando queda nas frentes de trabalho.

Ex-funcionários da Comurg e da Prefeitura afirmaram ao O Popular que, até o fim de 2024, repasses eram feitos sem a devida medição ou com fiscalização mais branda do que em outros contratos. Um exemplo é o serviço de roçagem manual, que, apesar de queda de 67% na execução, teve aumento de 15% no quantitativo previsto, com acréscimo de R$ 131,2 mil por mês. A justificativa apresentada pela empresa foi a necessidade de intensificar o corte de mato para evitar proliferação de pragas e doenças — problema que, na prática, foi um dos mais recorrentes no fim da gestão Cruz.

A Comurg alegou que o reajuste nos volumes foi motivado pelo crescimento da cidade, com novos bairros e espaços públicos a serem atendidos. Também manteve no contrato a cobrança de R$ 1,67 milhão mensais para remoção e transporte de resíduos de massa verde e varrição, sob o argumento de que tais serviços não estavam contemplados no contrato da Prefeitura com o Consórcio Limpa Gyn, que assumiu parte da limpeza urbana.


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