Goiânia, 26/08/2025
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Auditoria revela risco de desvio em contrato de R$ 8,7 milhões da gestão Rogério Cruz

06/08/25

Na gestão de Rogério Cruz, a Prefeitura de Goiânia realizou uma compra milionária de 200 mil exemplares de um guia sobre dengue e febre amarela que está sob investigação por suspeita de irregularidades e risco de desvio de dinheiro público. A aquisição, feita no fim de 2023 pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), custou R$ 8,7 milhões e chamou atenção da Controladoria-Geral do Município (CGM) pela falta de planejamento, ausência de controle na entrega e indícios de sobrepreço. Cada livro de 64 páginas foi adquirido por R$ 43,58 — mais de cinco vezes o valor de obras similares no mercado. O Ministério Público de Goiás (MP-GO) e o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM-GO) já investigam o caso.

O relatório da auditoria, concluído em maio deste ano, apontou que a compra foi feita sem estudos técnicos para justificar o volume adquirido e sem um projeto estruturado para utilização dos livros. Houve falhas graves no controle de distribuição, ausência de registros que permitam rastrear para onde o material foi enviado e falta de participação de áreas técnicas essenciais, como o Centro de Zoonoses, na avaliação do conteúdo. Parte das entregas foi feita de forma descentralizada e sem registros adequados, o que, segundo o documento, inviabiliza a transparência e impede a medição do impacto social da ação.

Outro ponto crítico foi a conferência e o atesto da entrega, feitos apenas por amostragem e sem verificação integral do conteúdo. O fiscal do contrato assinou as notas fiscais sem a devida checagem, e a equipe técnica especializada não foi envolvida para validar a pertinência do material. A auditoria também levantou indícios de que o valor pago estava acima do mercado, com pesquisa restrita a poucos fornecedores e sem justificativa técnica sólida. Para efeito de comparação, obras similares — como um livro do médico Drauzio Varella com o mesmo número de páginas — custam cerca de R$ 8 a unidade.

Diante das irregularidades, a CGM recomendou a apuração de responsabilidade de diversos servidores ligados ao processo, incluindo ex-gestores da SMS. Como o material não pode ser devolvido nem gerar ressarcimento, a atual gestão informou que prepara um plano pedagógico para distribuir os livros junto a capacitações de agentes de combate a endemias e profissionais da rede de saúde.


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