Goiânia, 26/08/2025
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Rogério Cruz premiou como “Funcionária Padrão” servidora presa por corrupção em Goiânia

06/08/25

Na gestão de Rogério Cruz, a servidora Helenice Evangelista de Souza — presa nesta terça-feira (5) na Operação Ritual do Desvio, da Polícia Civil de Goiás — foi homenageada como Funcionária Padrão de 2022. O prêmio, concedido pelo próprio ex-prefeito, contrasta com as acusações atuais: Helenice é suspeita de desviar recursos milionários dos cofres municipais. Segundo a Polícia Civil, os desvios identificados na gestão atual, apenas nos meses de janeiro e fevereiro, somam R$ 420 mil. Mas o prefeito Sandro Mabel afirma que levantamento preliminar da Controladoria-Geral do Município aponta movimentações irregulares de R$ 11 milhões na administração anterior, quando Cruz estava no comando.

Helenice ocupou até fevereiro deste ano a Gerência de Execução Financeira da Secretaria Municipal da Fazenda, cargo que já exercia desde a gestão de Iris Rezende. Servidora efetiva, também presidiu a Associação de Servidores Administrativos da Prefeitura e tinha atuação política ligada a nomes de peso da capital. Em 2023, participou de campanhas eleitorais, entre elas a do presidente da Câmara Municipal, Romário Policarpo, e mantinha relação com lideranças sindicais do funcionalismo municipal.

As investigações apontam que a servidora usou o sistema orçamentário da Prefeitura para quitar faturas de cartões de crédito pessoais, transferir valores a entidades, efetuar pagamentos a uma farmácia de familiar e até enviar recursos para um suposto serviço de “bruxaria”. Policarpo, citado por sua proximidade com Helenice durante negociações salariais na gestão de Cruz, nega tê-la indicado para o cargo de gerente. Fotos publicadas nas redes sociais mostram a servidora ao lado de Rogério Cruz e de outras lideranças municipais.

Procurado, Rogério Cruz disse que a premiação de 2022 seguiu critérios técnicos e objetivos definidos em lei, com avaliação feita pela Secretaria Municipal de Administração e homologação pelo chefe do Executivo. Ele afirmou desconhecer suspeitas de irregularidades na época e defendeu que eventuais apurações sejam conduzidas pelas autoridades competentes. O caso, contudo, expõe que a servidora agora acusada de movimentar milhões indevidamente foi celebrada publicamente e recebeu reconhecimento institucional das mãos do então prefeito.


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