07/08/25
Apesar dos frequentes discursos sobre uma suposta “ditadura comunista” no Brasil, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) segue desfrutando amplamente das benesses garantidas por essa mesma “ditadura” que tanto critica. De acordo com dados oficiais da Secretaria-Geral da Presidência, Bolsonaro já consumiu mais de R$ 1 milhão em recursos públicos desde que deixou o cargo — o equivalente a cerca de R$ 6,3 mil por dia, o maior custo entre todos os ex-presidentes vivos.
O benefício é legal, previsto para todos os ex-mandatários, mas chama atenção o contraste entre o discurso de perseguição e a realidade de privilégios. Até ter a prisão decretada, Bolsonaro mantinha viagens frequentes, palestras pagas — muitas delas com forte tom político — e uma estrutura de segurança e assessoria bancada com dinheiro público.
A retórica de opressão, no entanto, continua sendo lucrativa. Bolsonaro vinha transformando cada aparição em palanque e cada acusação em combustível para manter acesa a narrativa de vitimização — agora amplamente financiada, ao menos em parte, com recursos do contribuinte.
A contradição levanta questionamentos: que tipo de “ditadura” permite tamanho conforto ao seu maior opositor? E até quando a máquina pública será usada para sustentar uma suposta cruzada contra um sistema que, na prática, parece mais conivente do que opressor?