07/08/25
Em vídeo divulgado nas redes sociais, o senador Wilder Morais (PL-GO) aparece ao lado do colega Marcos Rogério (PL-RO), que comenta sobre a indignação de Wilder diante da prisão domiciliar imposta a Jair Bolsonaro. Durante a gravação, Marcos diz que o goiano “promove encontros”, e uma voz não identificada, de outro parlamentar, completa: “a canoa” — referência ao barco de Wilder ancorado no Lago Paranoá, em Brasília, conhecido como love boat. Ao ouvir a menção, Wilder sorri de forma constrangida, sinalizando certo incômodo. A embarcação ganhou notoriedade por abrigar reuniões políticas e festas com a presença de parlamentares e personalidades influentes da capital federal.
O love boat também foi cenário de um momento-chave para a ascensão de Alexandre de Moraes ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em fevereiro de 2017, poucos dias após ser indicado pelo então presidente Michel Temer, Moraes participou de um jantar restrito organizado por Wilder, com a presença de ao menos oito senadores — alguns investigados na Operação Lava Jato. Na ocasião, o indicado ao STF enfrentou uma verdadeira “sabatina informal”, respondendo a questionamentos sobre sua trajetória como advogado, ligações com o ex-deputado Eduardo Cunha e posicionamentos em temas sensíveis, como prisão em segunda instância e legalização das drogas. Wilder não apenas promoveu o encontro como também votou favoravelmente à aprovação de Moraes no plenário do Senado.
Um dos presentes, sob anonimato, contou que Moraes respondeu a todas as perguntas, mesmo em um ambiente inicialmente hostil. “Ele não esperava um jantar tão incisivo, mas saiu fortalecido”, afirmou. Já o senador Benedito de Lira (PP-AL), que também participou, minimizou o caráter do evento, classificando-o como “jantar informal” para tratar de “temas de interesse do país”.
Sete anos após atuar nos bastidores para viabilizar a aprovação de Moraes ao STF, Wilder Morais hoje figura entre os principais porta-vozes do bolsonarismo no Senado contra o ministro. Em manifestação realizada em Goiânia no último domingo (3), o parlamentar adotou tom combativo: “Vocês conhecem meu estilo comedido, moderado, sempre atuando na articulação com os senadores e criando estratégias. Mas o dia está chegando. Na próxima semana estaremos no Senado, e já temos 34 senadores que assinaram o pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes”, declarou.
