12/08/25
O mau desempenho do PL nas eleições municipais reacendeu debates sobre a importância do apoio de prefeitos em disputas estaduais. Em artigo no O Hoje, nesta terça-feira (12/8), o advogado e jornalista Nilson Gomes — consultor político do senador e pré-candidato ao governo Wilder Morais (PL) — defende que alianças com prefeitos já “enterraram” candidaturas ao Palácio das Esmeraldas.
A narrativa, porém, soa mais como desejo político do que como leitura fiel da história eleitoral de Goiás. Ao descrever prefeitos como líderes oportunistas que exigem afinidade pessoal com o candidato, Nilson tenta relativizar um fator que, no estado, sempre se mostrou determinante: a capilaridade proporcionada pelo apoio maciço das lideranças municipais.
Para sustentar sua tese, o consultor recorreu a 1998 e 2018. Mas omitiu que, em 2018, o então governador José Eliton jamais liderou as pesquisas e carregava o desgaste acumulado dos mandatos do PSDB — longe, portanto, de ser um “favorito absoluto” derrubado pelo excesso de prefeitos aliados.
Nilson também cita 2022, alegando que Wilder se elegeu senador sem apoio municipal. O que não aparece no artigo são dois elementos decisivos: o respaldo do então presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) e a fragmentação dos votos entre adversários da mesma base, como Alexandre Baldy (PP), Delegado Waldir (União Brasil) e outros três nomes de centro-direita, o que abriu caminho para a vitória do senador.
Os fatos mostram que, desde a redemocratização, a maioria esmagadora dos governadores eleitos em Goiás contou com forte base de prefeitos. Basta lembrar as vitórias de Iris Rezende e Maguito Vilela pelo MDB, ou três dos quatro mandatos conquistados por Marconi Perillo (PSDB). Nesses casos, a estrutura municipal foi peça-chave para ampliar presença no interior e consolidar vantagem estratégica.
O próprio contexto atual reforça a fragilidade da análise de Nilson. Em 2024, Wilder projetava eleger mais de 50 prefeitos para impulsionar sua campanha de 2026. Terminou muito aquém da meta. Enquanto isso, a base de Ronaldo Caiado (União Brasil) e Daniel Vilela (MDB) reúne hoje mais de 200 prefeitos — número que tende a crescer até o próximo pleito, à medida que ex-aliados do PL migram para o campo governista.
Assim, o artigo de Nilson Gomes se distancia de uma análise isenta e se aproxima de uma narrativa destinada a amenizar as dificuldades enfrentadas por Wilder Morais para formar uma rede municipal robusta. O histórico das urnas é claro: em Goiás, o apoio majoritário dos prefeitos não é peso morto — é trunfo decisivo para quem quer chegar ao Palácio das Esmeraldas.