13/08/25
O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Goiás, sob a gestão de Gilvane Felipe (Cidadania), tem sido alvo de críticas pela adoção de critérios considerados incoerentes na preservação de bens tombados. Enquanto impõe barreiras a obras estratégicas para o desenvolvimento e turismo, o órgão mantém-se inerte diante da degradação de importantes patrimônios históricos, levantando suspeitas sobre motivações políticas na condução das decisões.
Um dos casos mais emblemáticos é a paralisação das obras do novo Cavalhódromo de Pirenópolis. O projeto, elaborado pelas secretarias estaduais de Cultura (Secult) e de Infraestrutura (Seinfra), está pronto, com a antiga estrutura já demolida. No entanto, o Iphan negou autorização com base em uma portaria de 1995 que restringe altura e ocupação, impedindo a liberação do alvará pela Prefeitura e, consequentemente, a licitação da obra. A revisão da norma só deve ocorrer em 2026, o que pode atrasar o empreendimento por anos.
Além disso, o órgão federal não tomou medidas efetivas para impedir o colapso da Igreja de Nossa Senhora da Boa Morte, na cidade de Goiás, que abriga o Museu de Arte Sacra. O prédio tombado encontra-se em avançado estado de deterioração, com risco de desabamento, colocando em perigo um acervo de mais de 900 peças, incluindo obras de José Joaquim da Veiga Valle, o “Aleijadinho goiano”. Apesar de ofícios enviados pelo governo estadual ao Iphan e ao Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) oferecendo apoio técnico para a restauração, não houve avanço concreto.
A postura do Iphan também é questionada diante de intervenções já autorizadas pelo próprio órgão. A sede do instituto, na Praça Cívica, passou por reforma que incorporou estruturas metálicas e placas de vidro, modificando características originais de um edifício tombado no conjunto Art Déco. O mesmo ocorreu com a instalação das plataformas e estações do BRT na Praça Cívica e na Avenida Goiás, construídas com estruturas metálicas que destoam do cenário histórico da região.
Nos bastidores, há a avaliação de que a condução do Iphan em Goiás possa estar alinhada a interesses políticos ligados ao ex-governador Marconi Perillo, com o objetivo de criar obstáculos à atual gestão estadual. Enquanto decisões técnicas deixam de ser priorizadas, o patrimônio histórico e cultural goiano segue ameaçado, correndo risco de perda irreversível, mesmo diante dos investimentos e esforços do Estado para garantir sua preservação.